Brasil dá US$ 18 bi a fundo cambial do Brics

Objetivo é que instituição seja, a partir de 2015, uma alternativa ao FMI; "minicrise" dos emergentes segue no topo da agenda econômica do G-20.

Em meio a uma crise cambial de consequências econômicas ainda imprevisíveis, líderes políticos de Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul, países do Brics, fecharam um acordo ontem (5), em São Petersburgo, para a criação de um fundo de US$ 100 bilhões para financiar programas de socorro financeiro em momentos de turbulência.
 
O mecanismo servirá como "alternativa emergente" ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e contará com US$ 18 bilhões em dinheiro brasileiro. O princípio de funcionamento do fundo já havia sido decidido na reunião de cúpula do Brics de Durban, na África do Sul, em março. Ontem (5), os chefes de Estado e de governo se reuniram momentos antes do início da cúpula do G-20, para confirmar a intenção.
 
Embora ainda haja detalhes em negociações, a criação do mecanismo foi sacramentada e deverá ser anunciada na próxima reunião dos grandes emergentes, em 2014. O objetivo é que todas as regras sejam definidas para que o fundo esteja em funcionamento em 2015.
 
Pelo acerto encaminhado ontem (5), a China será o maior doador, com US$ 41 bilhões. A seguir, em pé de igualdade, estarão Brasil, Rússia e Índia, cada um com US$ 18 bilhões. O montante será completado por US$ 5 bilhões da África do Sul.
 
A reunião contou com as presenças de Dilma Rousseff, do presidente russo - e anfitrião - Vladimir Putin, do presidente da China, Xi Jinping, do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh. Logo após o encontro, já na abertura oficial do G-20, Putin destacou a criação do fundo, "em estágio final de realização", como uma das conquistas da cúpula dos 20 países mais ricos do mundo.
 
O anúncio oficial só não foi feito porque representantes dos cinco países ainda debatem as modalidades dos empréstimos. "Há temas sistemáticos, complicados, e as negociações são difíceis", explicou Sergei Storchak, ministro-adjunto de Finanças da Rússia. "Vai levar meses, talvez um ano."
 
Silêncio
 
Ontem (5), a presidente Dilma Rousseff chegou a se encontrar com jornalistas brasileiros, mas não quis fazer nenhuma declaração a respeito do tema. Da mesma forma o ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve-se em silêncio. Ambos devem falar na manhã de hoje, antes do retorno da delegação, marcado para o início da tarde.
 
Minicrise
 
Os recursos adicionais com os quais os países emergentes poderão contar em caso de crise econômica foram anunciados em um cenário de instabilidade crescente para Índia, Brasil, Rússia e Turquia, países cujas moedas vêm sofrendo fortes desvalorizações ante o dólar em 2013 - entre 10%, caso do rublo russo, e 25%, caso da rupia indiana, desde janeiro. Até por essa razão, a saúde financeira do BRICS é o tema central da agenda econômica do G-20, interrompendo sequência de seis cúpulas desde 2009, em Londres, nas quais o assunto principal era a turbulência nos países desenvolvidos.
 
Por Andrei Netto/ O Estado de S. Paulo

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