Dólar recua para R$ 2,39

O BC conseguiu conter o dólar nesta terça-feira (20), que recuou para R$ 2,39

Dólar recua a R$ 2,39 após 6 pregões de alta Ação conjunta de BC e Tesouro, de mais de US$ 5,5 bi, e reação de emergentes afetaram a moeda americana. Uma nova ofensiva conjunta do Banco Central (BC) e do Tesouro - em valor que pode ultrapassar US$ 5,5 bilhões, entre operações no mercado futuro, à vista e recompra de títulos, sem incluir a rolagem de contratos - conseguiu derrubar o dólar após seis pregões consecutivos de alta. A moeda americana encerrou os negócios a R$ 2,394, com queda de 0,91%. 
 
O recuo refletiu também a recuperação do cenário externo, com a desvalorização do dólar frente a moedas de países emergentes. Mesmo assim, o BC já anunciou novas ações e marcou para hoje um leilão de swap cambial - operação equivalente à venda de dólares no mercado futuro - de 20 mil contratos. 
 
Para Diego Donadio, estrategista de câmbio do banco BNP Paribas, o comunicado divulgado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na véspera diminuiu as apostas na valorização do dólar. Tombini havia afirmado que "a concentração de posições em uma única direção poderá trazer perdas aos que apostam em movimentos unidirecionais da moeda". O recuo das taxas de juros dos títulos de dez anos do Tesouro americano para 2,81% também afetaram o comportamento da moeda. 
 
"O comunicado gerou temor de que o Banco Central possa vender muito mais dólares do que já vendeu, a ponto de gerar uma queda mais forte da moeda americana e fazer com que apostadores percam dinheiro", disse Donadio, que ressaltou também o impacto das declarações sobre os juros futuros. Na leitura do mercado, Tombini praticamente explicitou que, na próxima semana, o Comitê de Política Monetária deve elevar os juros em 0,5 ponto percentual quando disse que a curva de juros carrega um "prêmio excessivo". 
 
O real ficou entre as divisas que mais se valorizaram nesta terça-feira (20), junto com o peso mexicano. Mas, segundo analistas, isso não muda a tendência de valorização do dólar no médio prazo. "Investidores venderam títulos dos EUA para embolsar ganhos e voltaram a aplicar em uma série de emergentes. Foi uma situação pontual", disse Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do banco Paulista. 
 
O dólar já iniciou os negócios em queda. Na véspera, o BC havia anunciado que faria ontem (20) dois leilões no mercado à vista, em operações equivalentes a um empréstimo de dólares com compromisso de recompra no futuro. Repetindo uma estratégia usada há duas semanas, o BC interveio quando o dólar já estava em queda, o que intensificou sua desvalorização. Durante a manhã, vendeu US$ 993,4 milhões em 20 mil contratos de swap cambial. Em seguida, a autoridade monetária renegociou US$ 986 milhões em contratos de swap. Pouco após as 11h, o BC voltou a intervir, na primeira atuação no mercado à vista desde junho. Ele ofertou US$ 4 bilhões, mas não informou quanto, de fato, os bancos tomaram emprestado. 
 
"O BC percebeu que o fluxo de dólares está fraco no mercado à vista. Essa operação não tem impacto nas reservas internacionais, já que os dólares saem agora, mas são recomprados no futuro", explica Ricardo Mendonça, gestor de Renda Fixa da XP Investimentos. Para complementar a ação do BC, o Tesouro Nacional fez um leilão extraordinário de recompra de Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e de Notas do Tesouro Nacional (NTNs- série F), títulos públicos prefixados. Com a ação, o Tesouro aliviou a pressão sobre as taxas futuras de juros e, por consequência, no dólar. O leilão movimentou cerca de R$ 1,3 bilhão (cerca de US$ 543 milhões) com a compra de 1,55 milhão de LTNs e 197 mil NTNs-F. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2014 passou de 9,33% para 9,15% ontem. O vencimento para janeiro de 2015 tinha taxa de 10,26% frente aos 10,66% da véspera. 
 
Para Sebastien Galy, estrategista de câmbio do banco Société Générale em Nova York, o governo brasileiro tem pouco espaço para ir contra a tendência global de valorização do dólar. O banco estima que a divisa deve atingir o pico de R$ 2,60 em setembro, ainda que recue para patamar mais baixo até o fim do ano. Ele avalia que o mercado ainda não antecipou totalmente a possibilidade de início da retirada dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nos EUA. Para Galy, a solução seria uma alta maior de juros, o que parece improvável dado o risco de derrubar a economia. 
 
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, índice de referência do mercado, fechou em queda de 2,07%, aos 50.507 pontos, interrompendo uma sequência de nove altas. Segundo analistas, o movimento foi uma realização de lucros na véspera da divulgação da ata do Fed.

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