Indústria cresce em junho, preveem analistas

Indústria cresce em junho, preveem analistas

Depois da queda de 2% da produção industrial entre abril e maio, feito o ajuste sazonal, o balanço dos principais indicadores antecedentes do setor aponta que a indústria voltou a crescer em junho, projetam economistas. A alta esperada, no entanto, não é suficiente para recuperar todo o tombo do mês anterior, nem gerar expectativas mais otimistas para o setor no segundo semestre.
 
A média de 15 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data indica que a produção subiu 1,2% em junho sobre maio, descontadas influências sazonais. As projeções para a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) referente ao sexto mês do ano, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quinta-feira (01), vão de queda de 0,3% a aumento de 1,7%.
 
Com estimativa de avanço de 1,2% da produção em junho, Mariana Hauer, do banco ABC Brasil, destaca que nem todos os índices antecedentes do comportamento da indústria tiveram evolução positiva no período. A maior influência de alta em sua previsão veio do fluxo de veículos pesados, que aumentou 2,6% em junho, com ajuste. Ainda conforme as previsões do ABC, a expedição de papelão ondulado, no entanto, recuou 2,3% em junho, enquanto a produção de veículos caiu 1,7%, com base em dados da Anfavea, entidade que reúne as montadoras.
 
Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, aposta numa alta de 0,7% entre maio e junho do refino de petróleo (média diária) mensurado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e um salto de 12,1% da produção de veículos pesados, embora a produção de veículos leves deva cair 2,7%, com ajuste sazonal.
 
Mariana, do ABC, acredita que uma maior volatilidade na série de produção não permite concluir que a indústria siga em trajetória de retomada. Para ela, o desaquecimento do mercado de trabalho e a menor confiança em todos os ramos da economia conspiram contra uma reação mais acentuada do setor manufatureiro. Na indústria, a confiança medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV) diminuiu 4% entre junho e julho, para 99,6 pontos, menor nível desde julho de 2009. Abaixo de 100 pontos, o índice aponta pessimismo.
 
Mesmo contando com alta de 1,3% da produção em junho, na comparação com maio, Rafael Bacciotti, da Tendências, cortou de 2,3% para 2% sua projeção para a expansão industrial em 2013. Para que esse cenário seja confirmado, ele calcula que o setor precisa crescer a uma média mensal de 0,12% entre julho e dezembro, variação considerada fraca pelo economista. A revisão da consultoria para o ano não foi mais pessimista porque a recuperação dos Estados Unidos, o câmbio mais baixo e a redução de custos trabalhistas podem dar algum alento à indústria.
 
A partir da composição dos indicadores antecedentes de junho, Bacciotti avalia que o aumento da atividade industrial acima de 1% no mês passado não deve ter sido espalhado pela maioria dos segmentos pesquisados e, portanto, não é sustentável. Segundo o analista, a queda da confiança dos empresários em julho prenuncia um dado mais modesto da produção industrial, ainda que o número possa permanecer positivo.
 
Por Arícia Martins/ Valor Econômico

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