Desembolsos do BNDES crescem 123% no ano

Fatia referente ao montante destinado à indústria. Setor agrícola é grande responsável.

Impulsionada pelo Programa de Sustentação de Investimento (PSI), que oferece juros mais baixos para financiamento de bens de capital, a indústria mostrou sinais positivos nos números do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nesta quinta-feira (11), o banco divulgou aumento de 67% nos desembolsos totais de janeiro a maio deste ano, que somaram R$ 73 bilhões.
 
Mais de um terço desse montante (R$ 25,8 bilhões) foi destinado ao setor industrial, cujas liberações cresceram a um ritmo de 123% nos primeiros cinco meses do ano, em relação a igual período no ano passado. Na prática, o interesse do empresariado por compras de máquinas, equipamentos e caminhões, principalmente pelo setor agrícola, combinado com a atratividade do PSI, favoreceram os bons números da indústria e ajudaram acelerar os desembolsos como um todo, na análise do superintendente da área de Planejamento do banco, Cláudio Leal.
 
Um dos exemplos citados pelo executivo para justificar sua análise foi a linha BNDES Finame, voltada para bens de capital, com número de operações 87% superior, em comparação com janeiro a maio de 2012, somando R$ 29,5 bilhões até maio deste ano. Somente as operações com o PSI subiram 285% de janeiro a maio deste ano, ante igual período em 2012, para R$ 36,5 bilhões.
 
Esse forte apetite do empresariado por crédito para máquinas e equipamentos, ressaltou o especialista, indica sinalizações importantes sobre as condições atuais da economia. A indústria de bens de capital abrange desde maquinário a caminhões e, quando tem nível de atividade elevado, indica ritmo aquecido de investimentos. "Acreditamos que o investimento deve crescer acima do PIB [Produto Interno Bruto] este ano", disse.
 
Até mesmo as consultas por crédito junto ao BNDES, pedido inicial de financiamento ao banco e "termômetro" do apetite do empresário por novos investimentos, subiram 9% até maio, somando R$ 102,7 bilhões. Isso reverteu queda de 6% nas consultas, experimentada no primeiro quadrimestre de 2013, em relação a igual período no ano passado. São positivas as perspectivas para aumento mais expressivo ainda nas consultas, acrescentou o superintendente.
 
Leal não descartou a possibilidade de que interessados em participar de leilões de energia e licitações para infraestrutura, no segundo semestre, já entrem com pedido por crédito no banco, nos próximos meses.
 
A indústria também foi destaque nas consultas. Os pedidos de financiamento originados do setor industrial subiram 9,2% de janeiro a maio em relação a igual período em 2012, totalizando R$ 39,1 bilhões. Sem fazer projeções numéricas, o superintendente afirmou que as consultas ao banco devem encerrar 2013 em patamar acima do observado em períodos anteriores.
 
No entanto, o aparente interesse da indústria por novos investimentos ainda não se refletiu no nível de atividade industrial. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atestam que, em maio, a produção industrial caiu 2% ante abril e ainda mostram retração de 0,5% em 12 meses até maio. O superintendente do banco lembrou que, até recentemente, a indústria brasileira sofria forte concorrência de importados, devido a câmbio desfavorável. "Agora que o câmbio voltou a ficar favorável para a indústria [com a alta do dólar] talvez possa voltar a melhorar ", avaliou.
 
A indústria não foi o único segmento a apresentar desempenho positivo nos desembolsos do banco. Todos os outros setores apoiados pelo banco contaram com elevações de pelo menos dois dígitos em suas liberações.
 
Leal admitiu, no entanto, que o banco percebeu a recente piora na conjuntura macroeconômica. Mas, salientou que o BNDES tem em sua carteira projetos sólidos e que nada deve mudar a perspectiva de desembolsos, este ano, acima do liberado em 2012 (R$ 156 bilhões).

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