Mercado de trabalho dá sinais de esfriamento

Taxa de desemprego estaciona em 5,8% em maio, e inflação reduz renda pelo 3º mês.

O mercado de trabalho brasileiro dá mostras de que está próximo de uma acomodação. A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país ficou estacionada em 5,8% em maio, mesma taxa de abril e a também a mesma registrada um ano antes, informou ontem o IBGE. É a menor taxa para o mês desde o início da série, mas a primeira estabilidade no indicador desde dezembro de 2009 na comparação interanual.
 
Foram vários indicadores que apontaram a redução do ritmo de melhorias que o mercado de trabalho vinha observando. O aumento do emprego com carteira desacelerou de 3,9%, em maio de 2012, para 1,8%, em maio deste ano. No mesmo mês de 2011, era de 6,7%. A taxa de desocupação média, que era de 6,4% entre janeiro e maio de 2011, passou para 5,8% nos cinco primeiros meses de 2012. Entre janeiro e maio de 2013, está em 5,7%.
 
"O mercado de trabalho vinha num ritmo de avanço e esse avanço se desfez. Todas as vezes que há mudança no ritmo da desocupação e do nível de emprego, isso é preocupante. A evolução da taxa de desocupação, quando se compara 2012 a 2013, deixa muito a desejar", afirma Cimar Azeredo, da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
 
Entre as regiões metropolitanas, Salvador registrou alta expressiva no desemprego, que passou de 7,7%, em abril, para 8,4%. O Rio de Janeiro também apresentou avanço na desocupação, ao passar de 4,8% para 5,2%. Em Belo Horizonte, a desocupação passou de 4,2% para 4,3%. No total das seis regiões, o contingente de desocupados chegou a 1,4 milhão de pessoas. Azeredo lembra que outro sinal do esfriamento é a resistência da queda na taxa de desocupação. Em 2012, o desemprego começou a ceder em abril.
 
"O momento é de grande expectativa de quando vai começar essa redução. Perdemos a certeza de que 2013 será um ano com taxa de desemprego inferior a de 2012", afirma Azeredo.
 
"Mercado claramente desacelerou"
 
Pelo terceiro mês consecutivo, a renda média do trabalhador caiu. A inflação em alta e a abertura de menos postos de trabalho fizeram com que, na passagem de abril para maio, houvesse queda de 0,3% na renda, para R$ 1,863,60. Já na comparação com maio do ano passado, houve crescimento de 1,4%. Na média dos cinco primeiros meses do ano, o rendimento médio é 1,66% maior que no mesmo período de 2012. No ano passado, essa alta era de 4,8% sobre 2011. A massa de rendimento real habitual ficou estável em relação a abril e somou R$ 43,3 bilhões.
 
Para o economista e professor do Instituto de Economia da UFRJ João Sabóia, o sinal é claro de que o mercado de trabalho está perdendo fôlego, e repetindo uma configuração muito próxima à de 2012. Ele considera, porém, que ainda é cedo para dizer como irá se comportar nos próximos meses.
 
"O mercado claramente desacelerou, mas não está pior, as pessoas continuam sendo absorvidas", afirma, frisando que houve mais emprego com carteira e queda de 4,9% entre os trabalhadores sem carteira na comparação com maio do ano passado.
 
Por Clarice Spitz/ O Globo