Importação continua a preocupar setor de máquinas

Bens importados continuam a ganhar espaço neste mercado, o que vem sendo motivo de repetidas reclamações da entidade.

As vendas da indústria de máquinas e equipamentos cresceram entre março e abril pela primeira vez em cinco anos, o que levou a principal associação do setor, a Abimaq, a dizer que espera um cenário de recuperação lenta dos investimentos nesse setor. No entanto, bens importados continuam a ganhar espaço neste mercado, o que vem sendo motivo de repetidas reclamações da entidade.
 
Em abril, as vendas de bens de capital subiram 4,2% ante mês anterior e somaram R$ 6,8 bilhões. A expectativa da Abimaq é que os números referentes aos meses seguintes confirmem a melhora dos aportes no setor, refletindo na venda de máquinas e equipamentos. A entidade espera, porém, uma queda da participação da produção nacional no faturamento do setor. Segundo a entidade, a substituição do nacional pelo importado ocorre por causa de preços externos mais competitivos.
 
Atualmente, produtos feitos em solo brasileiro correspondem por 19% da receita líquida total do setor. A China, que possui preços mais baixos, segundo a entidade, elevou sua participação nas importações brasileiras de 8,2% em 2007 para 16,8% neste ano.
 
Mas a China é só segundo país de onde o Brasil mais compra estes produtos, com valores considerados em dólar. A principal origem das máquinas e equipamentos importados são os Estados Unidos, com 25,8% do total. A Alemanha vem em terceiro, com 12,7%, e a Itália, a seguir (7,9%). Quando as contas são feitas por peso, no entanto, a China já ocupa a primeira colocação e os americanos, a segunda.
 
No acumulado de janeiro a abril, as importações do setor somaram R$ 10,6 bilhões, 6,2% acima do valor de janeiro a abril do ano passado. Por outro lado, as exportações totalizaram US$ 3,4 bilhões, queda de 18,5% na mesma comparação. Com isso, o saldo é um déficit de US$ 7,158 bilhões de janeiro a abril, alta de 24,4%.
 
Em especial, houve forte aumento no volume de importação de bens para o setor de petróleo e energia renovável. Segundo a entidade, foram importadas mais 53% destes itens do que entre janeiro a abril de 2012. No caso de componentes para a indústria, o aumento foi de 17%. Este segmento é o que possui a maior presença de importados no total das vendas no Brasil, de 25,6%.
 
Na categoria de máquinas para bens de consumo, a importação cresceu 12,5%. Também subiram as compras de bens de capital de infraestrutura e indústria de base vindos do exterior (5%) e de máquinas para o setor de transformação (0,6%). Por outro lado, caíram 3% as compras de bens para logística e construção civil e 20,7% as máquinas para agricultura. Neste último caso, do setor agrícola, os importados correspondem por apenas 2% do total das vendas no país.
 
Outro dado que mostra bem o nível de penetração de importados é a entrada de aço indireto no país. A liderança está em máquinas e equipamentos, seguido por veículos e autopeças. Conforme dados do Inda, entidade ligada à distribuição de aços planos, de janeiro a abril a importação somou 822 mil toneladas de aço contido em bens de capital diversos, um aumento de 27,3% sobre o mesmo período do ano passado.
 
Na mão inversa do comércio bilateral do setor, as exportações do país caíram quase 3%, para 369 mil toneladas de aço contido em máquinas e equipamentos destinadas ao exterior. Isso resultou em saldo negativo da balança exportação-importação de 453 mil toneladas.
 
Conter esse desequilíbrio é também uma bandeira da indústria siderúrgica do país, que deixa de vender chapas de aço para os fabricantes de bens de capital locais. Estes reduzem a produção, tanto por perda de mercado interno, quanto pela dificuldade de exportar, devido à menor competitividade com os importados.
 
É possível que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) inclua algumas categorias de máquinas e equipamentos em sua nova lista de produtos importados com alíquota elevada, o que pode ajudar a reduzir a fatia dos importados no total das vendas. Caso seja mantida a mesma proporção observada na relação anterior, pode-se esperar que entre 10 e 15 categorias de produtos (NCMs) de máquinas e equipamentos sejam inseridas. 
 
Por Olivia Alonso e Ivo Ribeiro/ Valor Econômico