Setor de máquinas quer ampliar desoneração

Abimaq tenta soluções paliativas para evitar desindustrialização.

O panorama da produção de máquinas e equipamentos industriais no Brasil não é bom. Com um faturamento estável nos últimos anos, margens de lucro cada vez mais apertadas e aumento do custo da força de trabalho, o setor precisa de mudanças para que não entre em processo de desindustrialização. Esta é a avaliação da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que está se reunindo com as bancadas e administrações estaduais por uma política mais ampla de desoneração da folha de pagamento – que já atinge parte dos fabricantes do setor – e um corte de parte do ICMS incidente na compra de equipamentos.
 
De acordo com o vice-presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, há anos a política de fomento ao consumo e o real valorizado perante o dólar estão minando a competitividade da indústria nacional de máquinas. “A desoneração funciona como um paliativo necessário, mas temos de trabalhar por um menor custo logístico e financeiro”, afirma. Para o executivo da Abimaq, o ideal da indústria seria trabalhar com um dólar acima dos R$ 2,30.
 
Pastoriza também prega uma política pública de incentivo ao consumo de máquinas com alto índice de conteúdo nacional. Atualmente, esta exigência existe para a aquisição de máquinas pelo Finame, linha de crédito do BNDES para compra de equipamentos industriais e agrícolas. “Uma política interessante seria exigir que as máquinas adquiridas para as obras públicas ou de concessões também tivessem conteúdo mínimo nacional. Isso acontece nos Estados Unidos com sucesso”, afirma.
 
Ele defende que a sugestão não é protecionista. “Queremos isonomia com os produtos importados que não existe nas atuais condições”, completa.
 
Produtividade
 
O ritmo lento no setor preocupa. A indústria de máquinas e equipamentos serve como parâmetro para o ânimo da atividade industrial para os meses futuros. A impressão é endossada pelo ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, que disse à revista Veja que a indústria nacional perdeu competitividade em função do aumento do custo unitário do trabalhador. “Se o salário sobe 10% e o total produzido por trabalhador também subisse 10%, não existiria aumento de custo”, disse Pastore. No entanto, desde 2010 o custo da mão de obra aumentou 15%, sem que a produtividade acompanhasse o mesmo ritmo.