SpaceLiner: conheça o avião hipersônico europeu

Uma equipe da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália e Suíça apresentou os resultados do projeto Fast20XX.

Enquanto alguns se perguntam se os aviões hipersônicos vão se tornar realidade, uma equipe europeia mostrou que os projetos para isso estão mais adiantados do que se imaginava.
 
Uma equipe da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália e Suíça apresentou os resultados do projeto Fast20XX (Future high-Altitude high-Speed Transport - transporte futuro de alta altitude e alta velocidade, em tradução livre). O avião hipersônico resultado do projeto foi batizado de SpaceLiner.
 
O que mais impressiona é a semelhança do hiperavião com os antigos ônibus espaciais norte-americanos. O SpaceLiner será lançado na vertical, como um foguete. A grande diferença é que o tanque principal é ele próprio um avião, que retorna e pousa normalmente em um aeroporto - nos ônibus espaciais, o tanque principal entrava em órbita e se queimava na reentrada, não sendo reaproveitado.
 
Os passageiros, contudo, vão a bordo do avião propriamente dito, uma autêntica cápsula espacial com capacidade para 50 passageiros.
 
Ela entra em órbita cerca de oito minutos depois do lançamento, e desliza em microgravidade a Mach 20 - uma velocidade 20 vezes maior que a velocidade do som. Os aviões hipersônicos propriamente ditos, cujos motores estão em desenvolvimento, pretendem atingir velocidades hipersônicas na atmosfera, e não no espaço.
 
De qualquer forma, os cálculos indicam que o SpaceLiner poderá pousar no outro lado do mundo cerca de 80 minutos depois do lançamento - o pouso também será feito em um aeroporto comum.
 
 
Hiperdesafios
 
Martin Sippel, diretor do projeto, afirma que várias tecnologias ainda terão que ser desenvolvidas e testadas para que o SpaceLiner torne-se uma realidade: "O SpaceLiner é um desafio tanto em termos de tecnologia quanto de operações."
 
Contudo, de posse do projeto, as sete agências espaciais envolvidas já estão se concentrando na parte específica do desenvolvimento que tocou para cada uma - a integração do avião hipersônico ficará a cargo da DLR, a agência espacial alemã.
 
Um dos maiores desafios é o resfriamento do avião conforme ele reentra na atmosfera, atingindo temperaturas que deverão chegar aos 1.800º C.
 
A solução adotada foi o resfriamento ativo no nariz da aeronave e nos bordos de ataque das asas. A ideia é aspergir água a partir de componentes cerâmicos porosos, resfriando a superfície conforme a água se evapora.
 
Outro problema é lidar com a aerodinâmica variável a que o avião estará sujeito, em sua fase em órbita baixa, durante a reentrada, e em seu voo normal até o aeroporto.
 
Mas os pesquisadores vão dar uma atenção especial também aos passageiros. Afinal, astronautas são treinados para suportar um lançamento de foguete e uma reentrada na atmosfera. Será que o voo hipersônico será tolerável para passageiros fisicamente menos preparados?
 
Projeto Alpha
 
Tudo isso será testado antes que o SpaceLiner vire realidade.
 
Segundo Martin Sippel, os testes serão feitos pelo Projeto Alpha, um misto de avião e nave espacial que será lançado de um Airbus A330 a cerca de 14 quilômetros de altitude.
 
O Alpha levará dois passageiros e um piloto, e deverá atingir uma altitude de 100 quilômetros.
 
"O turismo espacial feito dessa forma deverá ser o primeiro passo e deverá ser alcançado nesta década. Será um teste para ver se existe mercado para esse tipo de veículo espacial," disse Sippel.