Produção de carros é recorde e setor espera mais investimentos

Foram 340,9 mil veículos, o maior volume mensal já obtido pelo setor.

 

Com o melhor abril em vendas, a indústria automobilística também registrou recorde em produção. Foram 340,9 mil veículos, o maior volume mensal já obtido pelo setor. No quadrimestre, o resultado é recorde para o período, com 1,168 milhão de unidades, 17% mais que no mesmo período de 2012.
 
A produção em abril cresceu 30,7% em relação ao mesmo mês de 2012 e 6,8% ante março. O maior volume anterior havia sido o de agosto passado, com 329,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
 
Já as vendas totalizaram 333,7 mil unidades, alta de 29,4% ante os números de um ano atrás e 17,5% maior que o de março. O mês fechou com 362,6 mil veículos em estoque, o equivalente a 33 dias de vendas. Em março havia 35 dias de estoque e, em fevereiro, 40 dias.
 
No ano, as vendas cresceram 8,2% ante 2012, com 1,164 milhão de veículos, também recorde para o período. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, reconhece que o setor não vai manter o mesmo ritmo de crescimento daqui para a frente.
 
"O primeiro quadrimestre de 2012 foi uma fase difícil e só melhorou depois que o governo reduziu o IPI, em maio", afirma. A partir de junho, diz, houve crescimento normal do mercado, por isso a base de comparação a partir de agora será outra.
 
Segundo ele, em números absolutos não haverá desaceleração de vendas e produção, mas no cômputo geral a taxa de crescimento será ajustada. Para maio, a previsão das empresas é de vender 310 mil veículos.
 
A Anfavea projeta para o ano alta de 4,5% na produção (3,49 milhões de veículos) e de 3,5% a 4,5% nas vendas (3,97 milhões, incluindo importados).
 
PIB
 
A indústria automobilística deverá ajudar a puxar o resultado do Produto Interno Bruto do País. Junto com as autopeças, o setor responde por 23% do PIB industrial. Moan aposta em alta de 3,5% a 4% na economia brasileira em 2013, acima da previsão do Banco Central (com base na pesquisa Focus), que e de 3%, embora vários economisias e bancos já projetem índices inferiores.
 
Moan credita o bom desempenho até agora ao ajuste de produção com novos modelos, maior demanda e estímulos à nacionalização após o anúncio do programa Inovar-Auto, do governo federal. As montadoras, junto com as autopeças, têm planos de investir R$ 60 bilhões no País entre 2013 e 2017, montante que pode ser revisto diante dos recentes anúncios, como o da Fiat, que na segunda-feira ampliou seu programa de aportes para R$ 15 bilhões.
 
O executivo ressalta que as perspectivas para o mercado interno são boas, mas o País precisa voltar a exportar. Ao assumir a presidência da Anfavea, no mês passado, Moan disse que a Anfavea prepara proposta de política automotiva de exportação, batizada de Exportar-Auto, a ser levada ao governo. Entre as medidas sugeridas está a desoneração de impostos não repassáveis embutidos na cadeia produtiva.
 
"Nossa meta é voltar a exportar 1 milhão de veículos em 2017, o que representará 20% da produção", diz o executivo. Em 2005, o Brasil exportou quase 900 mil veículos, ou 30% da produção na época.
 
Moan ressalta a grande competição no mercado brasileiro, onde atuam 62 marcas, entre fabricantes e importadores. Há 1.754 modelos e versões de veículos à venda. "Dificilmente há algo parecido em qualquer outro mercado do mundo."
 
Por Cleide Silva/ O Estado de S. Paulo