Venda de máquinas à Argentina recuou 13,6%

No setor de bens de capital a redução em valores exportados para o país no primeiro trimestre foi de 13,6% ante o mesmo período do ano passado.

Além do conhecido custo Brasil - problemas que vão da tributação caótica aos gargalos de infraestrutura -, as barreiras impostas pelo governo argentino estão reforçando ainda mais a falta de competitividade da indústria nacional.

No setor de bens de capital, por exemplo, a redução em valores exportados para a Argentina no primeiro trimestre foi de 13,6% ante o mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em quantidade, o recuo foi de 16,8%. Levando-se em conta todos os países, o setor acumula queda de 8,5% no período, de US$ 4,1 bilhões para US$ 3,7 bilhões. "Uma queda na exportação para a Argentina tem um impacto muito grande, porque ela está entre os dois países que mais importam", afirma o diretor de Comércio Exterior da Abimaq, Klaus Curt Muller.
 
Sem um dos principais parceiros comerciais, as empresas ficam em dificuldade para competir com outros países e conquistar novos mercados. Um levantamento da Abimaq mostra, por exemplo, que o custo de produção no Brasil é 43% maior do que na Alemanha e nos Estados Unidos. "A nossa desvantagem competitiva também passa pelo câmbio e custo Brasil", diz Muller.
 
O setor calçadista também contabiliza perdas na exportação para o país vizinho. Os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) indicam que as exportações para a Argentina recuaram de US$ 189 milhões, em 2011, para US$ 149 milhões no ano seguinte. 
 
"O Brasil sempre teve uma posição destacada na Argentina, mas tem registrado perdas por causa das barreiras impostas", afirma o presidente da entidade, Heitor Klein. "O maior desconforto que nós temos é que estamos reduzindo a nossa participação de produtos exportados e os asiáticos, aumentando", diz.
 
A entidade fez um levantamento com 29 empresas exportadoras para a Argentina. Os empresários foram convidados a responder por que o volume de negócios para o mercado argentino está diminuindo. 
 
Em respostas múltiplas, 48% dos executivos afirmaram que o importador reduziu os volumes importados e os substituiu pela produção local; 38% das companhias desistiram de exportar por causa da imprevisibilidade nos negócios na Argentina; 34% disseram que o distribuidor desistiu do negócio por falta de condições de cumprimento das exigências do governo argentino; e, por último, 31% revelaram que o importador reduziu o volume do Brasil e aumentou a compra da Ásia.
 
"Nós estamos perdendo um investimento feito ao longo de dez anos no mercado argentino e na consolidação das marcas brasileiras. Um bom conjunto de empresas desistiu de exportar", disse Klein. "A gente sabe que, depois de três temporadas que a marca deixa de estar presente, ela praticamente perde o reconhecimento do consumidor."