CNI reduz projeção de crescimento da indústria para 4%

Previsão anterior da entidade era de crescimento de 7% este ano; para 0 PIB, projeção é de alta de 3%

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, disse nesta segunda-feira (15), que os investimentos da indústria devem crescer 4% este ano na comparação com 2012. Sem citar os valores absolutos dos investimentos, Andrade disse que, antes, a expectativa da CNI era de que os investimentos do setor pudessem crescer 7%. Ele fez a previsão após proferir a palestra "Economia, Crescimento e Infraestrutura do Brasil na Visão da Indústria", em evento realizado pela Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil.

Para o produto interno bruto (PIB), o presidente da CNI prevê uma expansão de cerca de 3% em 2013. "O governo fala em números maiores que esses, mas não vemos consistência para um crescimento maior", disse.
 
Andrade também discordou da afirmação feita pelo assessor da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), David Kupfer, de que o Brasil precisa pensar em fazer "nascer uma indústria nova, e não despertar a que está hibernando, além de abrir espaço para o processo de mudança estrutural, que está travado" (veja na matéria). Kupfer fez tal afirmação na sexta-feira, durante palestra realizada no seminário "Rumos da Economia - Nosso Modelo de Crescimento", organizado pela Brasileiros Editora.
 
"Isso não é verdade", disse Andrade, citando as inovações nas indústrias automotiva, petroquímica e eletroeletrônica, "As indústrias automotiva, petroquímica e eletroeletrônica evoluíram muito nos últimos anos" Ele lembrou que, há três anos, as exportações brasileiras eram superavitárias. "Não temos tido competitividade porque, com o nosso câmbio, não temos como concorrer com a China. A nossa indústria da moda compete de igual para igual com o mundo inteiro", disse.
 
Para ele, dar competitividade para a indústria não é tarefa fácil, porque tem de investir em áreas como as de infraestrutura e qualificação de mão de obra, por exemplo. "O mercado interno brasileiro tem crescido bem, mas é um mercado que tem sido suprido pelas importações, especialmente da Ásia", queixou-se o presidente da CNI. Para Andrade, não adianta ter condições boas de crédito pelo BNDES, com uma depreciação acelerada. "Tudo isso é bom, mas ninguém investe só porque tem boas condições de crédito. O mercado brasileiro tem muito o que crescer, como nos setores de telecomunicações e energia, mas é um mercado do qual a indústria brasileira não está participando.".
 
Por Francisco Carlos de Assis/ O Estado de S. Paulo