Mineração de ferro avança em Minas

Mineradora constituída por fundos de investidores canadenses, coreanos e australianos anuncia maior empreendimento em andamento no Estado

Na contramão das análises pessimistas sobre a crise europeia e a demanda mundial de minério de ferro, a Manabi S/A, mineradora constituída por fundos de investidores canadenses, coreanos e australianos, formalizou nesta terça-feira (26) ao governo de Minas Gerais a intenção de desembolsar R$ 6,25 bilhões para explorar reservas de ferro da região central do Estado. Somados, os dois projetos da companhia representam uma transformação sem precedentes para os pequenos municípios essencialmente agrícolas de Morro Pilar, com 3,5 mil habitantes, e Santa Maria de Itabira, com seus 10,7 mil moradores, onde a extração da matéria-prima deverá gerar 2 mil empregos diretos e 6 mil indiretos, de acordo com os planos divulgados pela Manabi.

O megaempreendimento – o maior da indústria da mineração em Minas, tanto em valores, quanto em produção estimada – permitirá a extração, ao todo, de 31 milhões de toneladas por ano de concentrado de alto teor, a partir de jazidas de minério pobre, graças à tecnologia avançada, informou o presidente da companhia, Ricardo Antunes. A cifra anunciada supera os investimentos na exploração de ferro da multinacional Anglo American em Conceição do Mato Dentro, também na região central de Minas, e da MMX na Serra Azul, na região metropolitana de Belo Horizonte.

“Trabalhamos em parceria com as prefeituras para desenvolver planos diretores que vão nos orientar sobre como os desafios dos projetos serão encarados. É importante que essas cidades sejam capacitadas para lidar com os impactos econômicos”, afirmou Ricardo Antunes. Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, o empreendimento é importante por aproveitar a vocação mineradora do estado em produtos de maior valor.

O material concentrado sairá das reservas de Morro do Pilar, com produção prevista de 25 milhões de toneladas anuais, e de Santa Maria de Itabira, que vai produzir 6 milhões de toneladas por ano, com teor de 68,5% de ferro. Apesar da grande geração de empregos anunciada, forte apelo dos dois projetos, a Manabi enfrenta resistências dos ambientalistas. A Associação de Conservação Ambiental Orgânica (Acao) e a ONG Quatro Cantos questionam a falta de estrutura dos municípios para absorver o fluxo de trabalhadores no empreendimento e os impactos nos mananciais de água. “Os impactos desse grande empreendimento envolvem uma série de localidades entre as duas cidades que não estão preparadas para isso”, afirmou Mariane Gomes, secretária da Acao.

A Manabi já abriu o processo de licenciamento ambiental dos dois projetos e espera dar início às obras no quarto trimestre. De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães, “a primeira análise dos estudos de impacto ambientais não apresentou problemas significativos”. A empresa assumiu o compromisso com o governo mineiro de investir R$ 100 milhões adicionais às obrigações com as medidas ambientais compensatórias em ações socioambientais, incluindo o abastecimento de água. O presidente da Manabi, Ricardo Antunes, disse que o Brasil e a Austrália continuarão a ser as grandes fontes de suprimento de ferro para a indústria no mundo. “Acreditamos que o mercado de minério de ferro vai continuar relevante e que haverá demanda principalmente para o minério de alta qualidade”, afirmou.

Por Marta Vieira/ Estado de Minas