Brasil estreia na extração de vanádio com mina na Bahia

Metal é usado para dar mais força às ligas de aço e é usado pela indústria aeroespacial e bélica.

A canadense Largo Resources inaugura hoje (21), em Maracás (BA), uma das principais mineradoras de vanádio do mundo e a primeira da Américas, que será responsável por 8% da produção global do metal - e com o menor custo do mundo, segundo a companhia. Resistente a choques e à corrosão, o vanádio é utilizado para dar mais força para ligas de aço. É usado, por exemplo, nas indústrias bélica, aeronáutica, aeroespacial, na construção civil, na produção de aço inoxidável para instrumentos cirúrgicos e ferramentas e em uma gama de produtos menores, como os isqueiros.

Os primeiros quilos do metal da Vanádio de Maracás, subsidiária da Largo Resources e dona do projeto, serão produzidos no último trimestre deste ano, segundo Mark Brennan, presidente da companhia canadense. A empresa já obteve a maior parte das licenças necessárias para produzir e está em fase de finalização das obras, na etapa de instalações elétricas e montagem de equipamentos.
 
O investimento somará US$ 275 milhões, sendo US$ 175 milhões do BNDES, tendo como garantidores os bancos Itaú, Bradesco e Votorantim. O valor inclui a compra do projeto, em 2007, da Odebrecht e da Vale, que até a ocasião haviam estimado as reservas de minerais em 10 milhões de toneladas. Em estudos posteriores, a Vanádio de Maracás identificou o volume de 23 milhões de toneladas, o que dará à mina uma vida útil de 29 anos.
 
"Agora, não precisamos mais de recursos, só precisamos finalizar a construção," disse o executivo. Ele afirma que a unidade vai gerar receita anual de pelo menos US$ 120 milhões a partir do ano que vem. Neste ano, serão desembolsados US$ 35 milhões.
 
O alto teor de vanádio contido em Maracás - de 1,34%, contra 0,5% em algumas das principais minas do mundo - deve garantir altas margens à companhia, afirma Brennan. Segundo ele, o custo do quilo do vanádio do projeto foi estimado em US$ 12, enquanto o preço de mercado está em US$ 32. O pentóxido de vanádio, que será o primeiro produto produzido pela empresa e tem os mesmos usos das ligas ferro-vanádio, terá um custo de US$ 2,10 por libra-peso, enquanto o preço no mercado está em torno de US$ 7 por libra-peso.
 
Em 2014, a companhia espera operar com sua capacidade total, de cerca de 9,6 mil toneladas por ano de pentóxido de vanádio (sendo cerca de 5,5 mil de vanádio contido) e empregar 400 pessoas. Dois anos depois, o objetivo é aumentar a produção em 50%, após ampliações na estrutura original.
 
O destino da produção da Vanádio de Maracás está nas mãos da Glencore, que comprará a totalidade do volume produzido pela empresa. Atualmente, o Brasil é importador líquido de Vanádio, tendo comprado do exterior 1.180 toneladas da liga ferro-vanádio em 2011, segundo os dados mais recentes do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), e exportado 74 toneladas.
 
Além da Vanádio de Maracás, a Largo Resources possui outros dois projetos no país: em Currais Novos (RN), de tungstênio, e em Campo Alegre de Lourdes (BA), com reservas de minério de ferro, titânio e vanádio, mas está em fase inicial de desenvolvimento. Fora do Brasil, a empresa produz tungstênio em Yukon, no Canadá.
 
Por Olívia Alonso/ Valor Econômico