O ritmo de expansão da indústria de Entretenimento e Mídia deve cair nos próximos anos

Após uma desaceleração do crescimento impulsionada pela pandemia de covid-19, a Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2023, conduzida pela PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das principais firmas globais de consultoria e auditoria, prevê uma contínua redução no ritmo de expansão da indústria de mídia e entretenimento até o ano de 2027.

As projeções presentes no relatório abrangem 53 territórios e incluíram seguintes setores de mídia e entretenimento foram analisados: vídeo OTT; TV tradicional; videogames e eSports; mídia exterior, realidade aumentada e virtual; publicidade na internet; NFTs; B2B; música, rádio e podcast; metaverso; cinema; acesso à internet e consumo de dados; jornais, revistas e livros.

A projeção indica que a taxa de aumento da receita na indústria de mídia e entretenimento atingirá modestos 3,4% em 2027 em comparação com 2026, superando as expectativas globais que não devem ultrapassar 2,8%. 

Ainda que o desempenho esperado revele uma progressiva desaceleração nos anos vindouros, o relatório destaca que, em 2027, o setor brasileiro se posicionará à frente do crescimento econômico do país em 0,8%. Isso porque as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) projetam um crescimento econômico para o Brasil de apenas 2%, enquanto a previsão global é de 3,1%.

Diante desse cenário, a PwC espera que o consumidor brasileiro assuma uma postura de consumo mais moderada, o que conduzirá as empresas a recorrer a novas estratégias para promover o crescimento, assim como investir no aprimoramento de suas operações e na redefinição de suas expectativas para o mercado.

Segmento de games no Brasil deve seguir em alta até 2027

Embora as projeções para a indústria de entretenimento e mídia em geral não sejam positivas, o segmento de games deve seguir em expansão no Brasil, ultrapassando o crescimento esperado para o mercado global.

O setor de games cresce desde 2022, quando registrou 22,6% de crescimento anual, percentual que não superou apenas o índice alcançado pelos mercados da Índia e da Indonésia. 

A expectativa da PwC é que a expansão prossiga até 2027, ano no qual se espera que a receita total de games alcance 3,1 bilhões de dólares. Essa marca representaria uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 14,5% em relação à receita de 1,8 bilhão de dólares de 2023.

Já a receita publicitária direcionada aos games deve dobrar no contexto mundial até 2025, chegando a 100 bilhões de dólares. No Brasil, a pesquisa projeta que o montante relativo à publicidade aumente três vezes, excedendo a marca de 1 bilhão de dólares.

Além dos videogames e eSports abordados pela PwC, o mercado de apostas esportivas online (AEO) e jogos de apostas também movimenta quantias relevantes. De acordo com previsões publicados em artigo do portal XP Investimentos, as vendas brutas das empresas AEO devem ter atingido cerca de 13 bilhões de reais em 2023.

O mercado de apostas conta com jogos que remetem às máquinas encontradas em cassinos físicos, como é o caso do Fortune Mouse, jogo que apresenta dinâmica semelhante a dos caça-níqueis, sendo direcionado ao público adulto e que exige responsabilidade ao jogar.

Gastos do consumidor serão principal desafio para a indústria 

O relatório enfatiza que os gastos do consumidor têm sido o maior desafio enfrentado pelo setor desde 2022 dado à retração dos consumidores, postura motivada por múltiplos fatores que incluem desde instabilidades políticas e geográficas até consequências econômicas da pandemia.

Os desafios persistem, uma vez que a previsão para os gastos do consumidor, a principal categoria de receitas da indústria de mídia e entretenimento, indica um aumento de 2,4% no período de 2022 a 2027. 

Em contrapartida, os gastos das empresas com publicidade devem experimentar um crescimento mais substancial, atingindo 5% durante o mesmo intervalo temporal. Esse aumento reflete a crescente ênfase nos investimentos para alcançar novos públicos, impulsionado pelo crescimento do comércio eletrônico e pelo uso prolongado de plataformas digitais pelos consumidores.

Cabe aos empresários irem se adaptando aos desafios.