por Ricardo de Luca    |   03/11/2020

O papel do fio de latão no processo de eletroerosão: entenda como funciona

O fio de latão é um material utilizado em diversos segmentos do mercado e está mais presente no nosso dia a dia do que imaginamos. Ele tem aplicação na produção de bijuterias, mangueiras flexíveis e também é empregado em processos industriais que resultam na fabricação dos mais variados produtos que chegam até às nossas casas. É o caso da usinagem por eletroerosão, que é o que iremos abordar neste artigo. Mas, qual o papel e a importância do fio de latão no processo de Eletroerosão?

Para esclarecer isso, vamos às contextualizações. A usinagem por eletroerosão consiste em um processo no qual um material é modelado por meio de descargas elétricas. Embora essa associação entre corrente elétrica e usinagem ainda seja desconhecida por muitas pessoas, trata-se de uma técnica bastante antiga. Existem relatos anteriores à Segunda Guerra Mundial sobre o uso de correntes elétricas para trabalho mecânico em materiais. Porém, foi só depois dela que a tecnologia começou a ser estudada e difundida com maior intensidade.

Hoje, em estágio extremamente avançado, permite a produção de peças de geometria complexa, ou seja, aquelas com formas difíceis de serem obtidas por processos convencionais e, muitas vezes, por serem de materiais de elevada resistência mecânica. Estamos falando de ferramentas de extrusão, trefilação e forjamento que servirão para a fabricação de outras peças nas usinas metalúrgicas. Com este processo, também são obtidas placas de guia, e, principalmente, ferramentas de estampo de corte.

Exatamente por isso, a usinagem por eletroerosão é hoje usada em larga escala na indústria metalúrgica, com aplicação em várias áreas. Para se ter uma ideia, até mesmo a fabricação de automóveis envolve o uso deste processo. Afinal, devemos considerar que muitos dos componentes de um veículo são fabricados com ferramentas específicas obtidas pelo processo de eletroerosão.


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Mas, e o fio de latão? Chegaremos lá, entretanto, para isso, é crucial entender como funciona o processo de usinagem por eletroerosão. A peça que se pretende trabalhar fica submersa em um líquido dielétrico, no caso, água deionizada. Isso favorece a dissipação do calor gerado durante o processo. Nesta peça, é feito um pequeno orifício para a passagem inicial do fio de latão, composto por Cobre e Zinco. Esse fio, energizado, promove uma série de descargas elétricas, que, por sua vez, promovem a usinagem da peça, dando a forma pretendida sem atritos entre as duas partes.

Desta forma, fica claro entender o motivo pelo qual o fio de latão é um dos protagonistas. É ele que que transmite toda a energia que é usada para a eletroerosão, ou seja, ele exerce o papel de um condutor. Além disso, a peça se movimenta em torno do fio por meio de comandos numéricos, o que garante que a geometria que se deseja obter na peça seja feita com muita precisão.

E como como ele é produzido? O que é importante na sua especificação? O fio de latão é fabricado em equipamentos de alta tecnologia, que ajudam a garantir alguns aspectos importantes do material, como homogeneidade estrutural e preservação de suas dimensões. E, principalmente, eles permitem a alimentação automática nos equipamentos. Isso ocorre graças a uma característica técnica muito importante: sua perfeita retilineidade quando não for submetido a forças que façam com que ele estique.

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O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Ricardo de Luca

Gerente de Engenharia de Processos e Produtos da Termomecanica, empresa líder na transformação de cobre e suas ligas que participa ativamente das discussões sobre as melhores práticas para aplicação do Cobre.