Cresce o pessimismo na indústria de materiais de construção

Tendência iniciada em abril se consolida em maio; setor busca celeridade nas propostas em discussão para reverter situação

A ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) divulga nessa quarta-feira, 05, a nova edição do Termômetro da Indústria de Materiais de Construção. O estudo indica o estabelecimento de clima pessimista entre as empresas associadas com as ações empreendidas pelo Governo até o momento. Além disso, o estudo também revela a expectativa de desempenho em vendas no mês de maio e as projeções para junho. 

No início de 2019 os empresários das indústrias de materiais de construção demonstravam alta expectativa sobre o novo Governo, cenário que vai sofrendo mudanças. O Termômetro de maio aponta que 38% das empresas manifestaram pessimismo sobre as ações do governo, somadas a 54% que veem tais ações com indiferença. Somente 8% das empresas ainda demonstraram otimismo com as ações governamentais para os próximos meses. Em janeiro, por exemplo, este percentual chegou a 56%.

Quando analisado o faturamento das empresas em maio, o termômetro apontou que para 33% das associadas o resultado no mês foi “bom”, ao passo que 29% avaliam o período como regular e as demais 37% reportaram desempenho “ruim” ou “muito ruim”, o resultado consolidado será apresentado na próxima edição do Índice da ABRAMAT. A expectativa sobre o mês de junho é ligeiramente mais otimista, com os mesmos 33% das associadas projetando resultado “bom”, 54% “regular” e 13% “ruim”.

O aumento do pessimismo acabou impactando as pretensões de investimento no médio prazo, bem como é refletido no nível de utilização de capacidade instalada da indústria de materiais de construção. Na atual edição do termômetro, caiu de 83% para 62% o número de associadas com pretensões de fazer investimentos em sua produção e, com queda de 3%, o setor chegou a 69% de utilização da capacidade instalada.


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“A ABRAMAT reconhece as iniciativas do Governo em buscar identificar as diferentes demandas para a recuperação econômica do país, mas isso não é suficiente em um momento tão delicado para a economia. Seguimos com obras de infraestrutura paralisadas, questões como a modernização do marco regulatório para o saneamento básico também sem avanço. Tudo isso somado à crescente expectativa sobre as condições de aprovação das necessárias reformas da previdência e tributária criam um ambiente que não favorece as expectativas. O impacto que o país pode ter com movimentações nessas pautas transcendem a indústria de materiais de construção, e isso está sendo sentido em toda a economia, tendo o Governo inclusive revisado o PIB para baixo. Mas isso não significa que estamos parados; estamos trabalhando ainda mais, internamente, com outras entidades e em conjunto com diferentes Ministérios, por meio das Mesas Executivas, por exemplo, para buscar a viabilização de propostas de curto, médio e longo prazo para melhorar esse cenário. O crescimento do setor de construção civil é fundamental para a criação de empregos, renda e atração de investimentos, beneficiando toda a economia”, afirma Rodrigo Navarro, presidente da ABRAMAT.