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Guilherme Alfredo Kastner    |   04/07/2018   |   Projeto Descomplicado   |  

MACINTOSH e o projeto não integrado – Parte 2

Conceito
Quando pensei em falar de projeto não integrado, tópico iniciado em discussões no post passado, pensei logo no exemplo dos primeiros projetos da Apple, onde o que prevalecia eram os desejos estéticos de Steve Jobs e seus caprichos, como a não necessidade de ventiladores.
Apesar do spoiler, vale a pena conferir como a integração entre equipes teria ajudado e muito a evitar o fracasso comercial do produto. Parte dos trechos destacados foram retirados do livro biográfico do Steve Jobs segundo o Walter Isaacson.
 
História do Macintosh
A mudança fundamental da informática como a vivemos ocorreu em 1984 com o lançamento do primeiro Macintosh da Apple. Ele tinha uma série de características:
 
Um design inovador para a época, como destacado na imagem
Um design inovador para a época, como destacado na imagem
 
Ainda sobre um marco de lançamento, o comercial de apresentação do produto foi ao ar no Superbowl de 1984 (Redskins x Raiders)
 
Na Biobrafia de Steve Jobs, pode-se analisar como surge a identidade visual dos produtos Apple, onde Esslinger, o Designer contratado apresenta conceitos de forma para os futuros desenvolvimentos da Apple.
 
Embora fosse alemão, Esslinger propôs que devia haver um “gene americano para o DNA da Apple” para produzir um visual “californiano global”, inspirado em “Hollywood e música, uma pitada de rebeldia e sensualidade natural”. Seu princípio condutor era que “a forma segue a emoção”, num trocadilho com a famosa máxima de que a forma segue a função. Ele criou quarenta modelos de produtos para demonstrar o conceito, e Jobs, ao vê-los, declarou: “Isso, é isso mesmo!”. O visual Branca de Neve, que foi imediatamente adotado para o Apple iic, tinha caixas brancas, linhas arredondadas bem definidas e ranhuras finas para ventilação e também como decoração.
 
Ainda sobre acabamento, pode-se analisar outro ponto, onde é mencionado o acabamento dos produtos Apple nos mínimos detalhes, inclusive em componentes internos do equipamento. Abaixo encontramos um exemplo onde Steve Jobs defende o seu cuidado com o que estava internamente em seus equipamentos.
 
Jobs reagiu à sua maneira típica. “Eu quero que seja o mais bonito possível, mesmo que esteja dentro da caixa. Um grande marceneiro não vai usar madeira vagabunda para o fundo de um armário, mesmo que ninguém veja”. Em uma entrevista alguns anos mais tarde, depois do lançamento do Macintosh, Jobs repetiu mais uma vez aquela lição paterna: “Quando você é um marceneiro fazendo um belo gaveteiro, não vai usar uma placa de compensado na parte de trás, mesmo que ela fique encostada na parede e nunca ninguém vá ver. Você sabe que está lá, então vai usar uma bela madeira no fundo. Para você dormir bem à noite, a estética, a qualidade, tem de ser levada até o fim”.
 
Ao analisarmos até hoje, outros tipos de equipamentos e empresas seguiram a tendência dos detalhes interiores. Abaixo pode ser analisado o escorpião impresso na placa eletrônica do XBOX ONE X, chamado no seu desenvolvimento de Project Scorpio.
 

 
Isso vai quase ao encontro da música do Capital Inicial:
 
O que você faz quando
Ninguém te vê fazendo
Ou o que você queria fazer
Se ninguém pudesse te ver
 
A marca de 1984 foi inserida em um produto lançado em 2017, 33 anos depois.
 
A falha e queda
 
O Macintosh possuía alguns problemas chaves em seu produto:
  • Falta de um HD para armazenamento de dados, todas as informações eram alocadas em discos
  • Baixa capacidade de memória RAM, mesmo para a época – Ele foi lançado com 128k, enquanto outros produtos da própria Apple chegaram ao mercado com 512k mesmo sendo antecessores do Mac original.
  • Falta de capacidade de arrefecimento.
 
Durante o lançamento do Apple II e do LISA, antecessores ao MACINTOSH, já se falava que existiria a necessidade da adição de ventilação forçada. Mesmo sabendo da necessidade da adição de um sistema de resfriamento, acreditava-se que o ruído emitido por ele seria um ponto negativo ao produto.
 
Vejam bem, a equipe de desenvolvimento de projeto eletrônico apontou um requisito de projeto, entretanto ele foi vetado por não estar alinhado com as ideias primárias de projeto do equipamento.
 
Além disso, o Macintosh não tinha ventoinha, outro exemplo da teimosia dogmática de Jobs. Para ele, ventoinhas prejudicavam a calma de um computador. Com isso, muitos componentes falhavam e o Macintosh ganhou o apelido de “torradeira bege”, o que não ajudou a aumentar sua popularidade. Ele era tão atraente que vendeu bastante bem nos primeiros meses, mas depois, quando as pessoas perceberam melhor suas limitações, as vendas despencaram.
 
Com isso, marca-se a derrocada comercial de um produto que nos trouxe uma série de inovações:
  • Sistema Operacional gráfico
  • Aplicações integradas ao sistema operacional
  • Sistemas de apontamento (mouse)
 
Para quem deseja ver a apresentação, vale a pena conferir:
 
 
F35 e as especificações que falham
F35, surge da necessidade da diminuição da procura por aviões tácticos no pós-Guerra Fria, aumentando a procura por aviões multifuncionais, ou seja, que realizam vários tipos de serviços.
 
Para quem não conhece a aeronave, segue a cena dele em combate no filme do Lanterna Verde, do Ryan Reinolds.
 
Um avião para todos
O F 35 foi pensado para atender múltiplos países e múltiplos tipos de equipes de defesa:
  • Marinha
  • Aeronáutica
  • Fuzileiros Navais
 
Para cada um existe a necessidade de realizar um determinado trabalho, por exemplo para a marinha, se desejava decolagem vertical.
 
Problemas
Uma vez que esse jato veio com o conceito de atender múltiplas equipes, ele tem um problema crítico, segundo um jornalista, ele se assemelha a um pato que nada, anda e voa, porém não faz nada disso direito.
 
Junto a cena do filme lanterna verde, pode-se ver que ele não é um jato rápido para manobras de combate, o “Dogfight”. Também existem outros itens relacionados a partes diferentes do projeto como sistemas e acessórios. Para o combate, o software de direcionamento do armamento não está pronto. No que diz respeito a versão destinada a marinha, o trem de pouso não é otimizado para porta aviões. Só em dois quesitos pequenos, já vimos dois problemas críticos.
 
Porém vem um item maior, em criticidade, mas pequeno em proporção no equipamento como um todo, o capacete. Capacete de piloto de jato é sempre a mesma coisa, né?
 

 
Pois é, nem sempre.
 

 
Capacete completo com itens eletrônicos, sensores e display de realidade aumentada
 
Um capacete completo com itens eletrônicos, sensores e display de realidade aumentada. O que poderia dar errado?
 
Acesse
 
Até a próxima, 
 
Guilherme Kastner
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Guilherme Alfredo Kastner

Técnico de aplicações da SKA Automação de Engenharias desde setembro de 2004. Trabalhou com diversas Soluções Autodesk, SolidWorks. Nos últimos anos o trabalho tem sido focado na melhoria da comunicação das engenharias com os seus clientes dentro das corporações como a fábrica, administrativo e outros setores.


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