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Gladis Costa    |   20/11/2017   |   Marketing e Comportamento   |  

Gender Pay Gap: Uma História de Discrepâncias

Apesar das mulheres possuírem melhor formação acadêmica do que os homens, ainda ganham bem menos que eles.

Nós, mulheres, devemos ser agentes de transformação da sociedade. Precisamos ampliar nossa participação na economia, na política e fazer a diferença no Brasil” – Luiza Helena Trajano, Magazine Luiza

O que empresas como Coca-Cola, Johnson & Johnson, Schneider Electric, EY, Sabin, Magazine Luiza, Takeda, Shell, Atento, AC Camargo, Zurich Santander, Ticket e AES Eletropaulo têm em comum? Muito e também fazem parte da lista das melhores empresas do Guia EXAME de Mulheres na Liderança.

De acordo com levantamento feito por especialistas do Grupo de Pesquisa em Direito, Gênero e Identidade da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, estas empresas criaram iniciativas, comitês, processos, estratégias, políticas e recomendações práticas que valorizam a presença das mulheres na gestão da empresa. As empresas perceberam que ter mulheres em cargos executivos é mais do que seguir uma trending topic, é criar ações que colocam em evidência o respeito e igualdade por profissionais que fazem o mesmo trabalho, com o mesmo conhecimento. Basicamente, possuem políticas para remunerar atividades iguais com o mesmo salário.

Pesquisas indicam que mulheres têm limitado acesso ao topo do organograma ainda que representem 60% dos brasileiros que terminam o curso superior, portanto têm mais qualificação acadêmica, são maioria no país - existem 4 milhões a mais de mulheres na população - e se usarmos o exemplo de consumo da Coca Cola, compram mais: sete em cada dez refrigerantes no mundo são vendidos para elas! A Coca Cola, bem como as empresas citadas acima, têm colocado em prática diversas iniciativas para o empoderamento feminino.

As mulheres têm muito poder: são responsáveis pelas decisões em 61% dos lares, têm decisão de compra no segmento de cuidados pessoais (86% dos domicílios), nos produtos para casa (83%) e alimentos (82%). Aparecem como as principais tomadoras de decisão em recreação e entretenimento (50%), viagens (47%) e eletrônicos (47%). Se a participação é tão relevante nas decisões de consumo, o que acontece com esta mulher ao chegar no ambiente de trabalho? Onde está todo este poder? 


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No Brasil, a desigualdade é colossal: na maioria das empresas, apenas 16% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, de acordo com estudo da Korn & Ferry. O Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2017 do Fórum Econômico Mundial acaba de informar que o Brasil caiu 11 posições em um ano. É um cenário desolador. Por que? Faltam políticas: muitas empresas não têm um processo de mentoria, avaliação de desempenho, comitês para discutir diversidade e discrepâncias nas questões salariais ou mesmo políticas para a contratação de funcionários. Faltam, por exemplo, oportunidades de vivência entre profissionais mais seniores e as jovens que entram agora no mercado de trabalho. Em quem estas jovens vão se espelhar? Quem serão seus ícones?

O jornal britânico The Guardian publicou em sua edição online de 26 de outubro que o gap salarial entre homens e mulheres no Reino Unido chegou a seu menor nível em 20 anos – uma diferença de 9.1% comparada a 17.4% em 1997, quando os índices começaram a ser analisados. No Brasil, esta diferença pode chegar a 50%, dependendo da carreira ou segmento. Segundo o estudo do Fórum Econômico Mundial, a renda média mensal de uma mulher equivale a 79% do que um homem ganha.

De qualquer forma, as discussões vêm tomando corpo. O assunto já é pauta de vários fóruns e eventos. Cada vez mais as empresas percebem que apesar das heranças culturais e sociais, existe uma demanda da sociedade por empresas justas, modernas e inovadoras que abracem esta causa: administrar o gender pay gap - a disparidade salarial entre homens e mulheres - deveria ser parte da cultura da empresa. Não é uma revolução que acontecerá da noite para o dia, infelizmente, mas o assunto está nos holofotes e os resultados – ainda que a longo prazo - virão. Assim esperamos! 

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Gladis Costa

Gladis Costa é profissional da área de Comunicação e Marketing, com vivência em empresas globais de TI. É fundadora do maior grupo de Mulheres de Negócios do LinkedIn Brasil, que conta com mais de 6200 profissionais. Escreve regularmente sobre gestão, consumo, comportamento e marketing. É formada em Letras, e tem pós graduação em Jornalismo, Comunicação Social e MBA pela PUC São Paulo. É autora do livro "O Homem que Entendia as Mulheres", publicado pela All Print.


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