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Gladis Costa    |   31/08/2015   |   Marketing e Comportamento   |  

Você é problema seu!

Será que estamos resolvendo nossos problemas ou estamos tentando terceirizar alguns? Somos os gestores da nossa vida. Felizmente!

"Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem"

(Clarice Lispector)

 
Vi a frase no para-choque de um caminhão dia desses. No começo achei o tom meio agressivo, depois percebi o sentido e achei genial: temos que ter consciência de que a nossa vida - em toda sua amplitude - é um problema nosso e de mais ninguém. Nossa responsabilidade. Simples assim!

Num ambiente de instabilidade econômica e política como vivemos hoje, é muito fácil colocar a culpa no outro, em qualquer pessoa menos na gente. Todo mundo procura o algoz da história pelo seu fracasso e dramas. Algozes a gente pode apontar vários. Existem centenas de motivos para justificar nossa ansiedade, nosso baixo astral - seja como profissional ou como chefe de família. Os números provam que somos vítimas em várias instâncias. A crise está dando as cartas e não está blefando. A situação é muito grave, de fato. Qual é a nossa parte (deveres) nisto tudo?

Você sabe que as empresas estão enxugando o número de profissionais porque não existe demanda. Os consumidores fugiram e prestadores de serviços estão repensando seus custos. Empresas já revisaram o business plan várias vezes, fizeram ajustes, anteciparam receitas, adiaram pagamentos e nada parece dar certo.

Como profissional a gente também precisa fazer a nossa lição de casa, ou já deveria ter feito.  Sabemos como o mercado funciona, depurando, escolhendo os melhores e até demitindo gente muita boa. Neste cenário o que realmente fizemos para melhorar nossa empregabilidade? Quantas vezes começamos o curso de inglês e abandonamos logo depois? Sabendo que o mercado valoriza o idioma, o que fizemos para agregar esta competência em nosso currículo? Estamos falando de possibilidades que podem ser desenvolvidas no dia a dia, um MBA executivo ou uma pós fora da nossa área são itens que aumentam nossa empregabilidade, fazendo com que sejamos não só um bom funcionário, mas um funcionário indispensável. Por quê?


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O mercado de trabalho – escasso e competitivo - exige profissionais que possam entrar num ambiente (o novo trabalho) provocando mudanças porque esta é a regra do jogo. Inovação virou o sinônimo para sucesso dentro das empresas e só consegue inovar aquele que é capaz de desenvolver múltiplas tarefas e gerenciar equipes multidisciplinares, ou pelo menos interagir com diferentes áreas dentro de uma empresa.

Esta interação demanda conhecimento multidisciplinar que só o aprendizado dá. E falta de oportunidade não pode ser uma desculpa, pois o conhecimento está em qualquer lugar, seja na internet, seja em cursos presenciais, reuniões, eventos, muitas vezes sem custo.

Porém, como qualquer ser humano, gostamos de postergar, adiar para um “momento melhor”, porque hoje não dá. É um tal de “ano que vem”, “próxima turma”, “fim do quarter”, nos damos mil possibilidade de agenda, qualquer uma que não envolva o “hoje”. Penso que valeria a pena, como um exercício de avaliação de nossa empregabilidade – um problema nosso e não da empresa – entender o cenário que nos rodeia, levando em consideração aspectos como nossas competências, o que fazemos bem, que é nosso diferencial; a dinâmica de nosso networking, quem são e onde estão nossos contatos; o mercado em que atuamos, como estão os números, as tendências, aquisições, fusões e movimentos da área;  nosso currículo propriamente dito, não só os cursos que fizemos, mas será que foram incluídos em nosso perfil? Como anda nossa resiliência, nossa capacidade de gerenciar o estresse, nível de flexibilidade, estamos pacientes ou à beira de um ataque de nervos? Será que não é recomendável tirar umas férias para recarregar a bateria?

Por último, mas não menos importante, como está a nossa empresa, como anda o clima corporativo? Todo mundo se ajudando ou a “puxação” de tapete virou o hobby do momento? A empresa está saudável financeiramente? Estamos num departamento em franca expansão ou é aquele que tem mais candidatos para a foice do RH? A empresa está contratando, abrindo filiais, conquistando novas contas? Como anda a imagem da empresa no mercado?

A crise não é nova, está aí há algum tempo impactando a vida de todo mundo. Está nas ruas, na pauta diária dos jornais, mas como vai impactar a nossa vida pessoal é uma questão que só nos podemos gerenciar. A gente ouve o tempo todo “Meus Deus, para onde isto vai?”, mas como diria Umberto Eco, “justificar tragédias como “vontade divina” tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas”.

A vida não é o que acontece com você. É o que você faz acontecer.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Gladis Costa

Gladis Costa é profissional da área de Comunicação e Marketing, com vivência em empresas globais de TI. É fundadora do maior grupo de Mulheres de Negócios do LinkedIn Brasil, que conta com mais de 6200 profissionais. Escreve regularmente sobre gestão, consumo, comportamento e marketing. É formada em Letras, e tem pós graduação em Jornalismo, Comunicação Social e MBA pela PUC São Paulo. É autora do livro "O Homem que Entendia as Mulheres", publicado pela All Print.


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