Abimaq prevê déficit histórico na balança comercial

Índice de emprego recua pelo sexto mês consecutivo

A indústria brasileira de máquinas registrou uma queda de 14,6% no faturamento ante ao mesmo período do ano passado. O mercado interno foi o responsável pela baixa e levou a uma redução de 20%. Os números foram anunciados ontem em coletiva de imprensa da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, no mesmo dia em que o presidente da Abimaq, Luis  Aubert Neto,  esteve em Brasília para alertar mais uma vez a situação da indústria nacional. A projeção da entidade é que o déficit da balança comercial atinja US$ 20 bilhões em 2012, ante US$ 17,8 registrados no ano passado.

No topo da lista da queda de faturamento estão a indústria de máquinas para plástico (-48,5%), máquinas têxteis (-21,2%) e máquinas ferramenta (-15,5%). A queda, além de ser um reflexo da crise na Europa e nos Estados Unidos, também foi atribuída à diminuição de pedidos não seriados.
 
As máquinas agrícolas registraram a maior alta (19,5%), mesmo com o aumento de 45% nas importações. "A indústria de máquinas agrícolas é a exceção entre nossos associados. Tradicionalmente a fabricação de máquinas agrícolas exige uma customização e limita a entrada de peças do exterior. Embora tenha registrado alta na importação, os índices ainda são muito baixos.", explica  o diretor secretário da Abimaq, Carlos Pastoriza.
 
A entidade não vê possibilidade de recuperação ainda neste ano, ainda que o governo tenha anunciado diversos pacotes para estimular a economia. "Essas novas concessões demoram a sair e se a conjuntura permanecer a mesma em relação à competitividade, nada garante que a indústria nacional conseguirá participar dessas concessões", analisa. Sobre a demora das medidas se tornarem concretas, o diretor cita a desoneração da folha de pagamento anunciada no começo do ano, que passou a valer apenas em agosto e o empresariado só sentirá o reflexo na mudança a partir de setembro.
 
Empregos
A redução de 3,2% no número de funcionários em relação ao mesmo período do ano passado, sexta queda consecutiva no índice de emprego, foi o dado mais enfatizado. Desde outubro houve o corte de dez mil vagas. "Estamos vivendo um período que exige medidas emergenciais do governo. Não somos a favor do protecionismo, pois isso atrasa o país, mas no momento o governo deveria tomar medidas que possam salvar a indústria rapidamente, como um dólar ideal a R$2,50 e a queda de juros.", aponta. 
 
As demissões na indústria são apontadas pela Abimaq como reflexo de uma “desindustrialização silenciosa”, que substitui a fabricação de produtos no Brasil pela importação e montagem no país. Para Pastoriza, a situação não está relacionada aos investimentos em inovação. “O discurso do governo de que é preciso inovação na indústria é uma forma muito fácil do governo de se eximir das dificuldades que cria ao empresário brasileiro”, enfatiza. O diretor também critica o andamento das comissões para discutir inovação na indústria, criadas com o Brasil Maior no ano passado. “As reuniões são raras e estão caminhando a passos muito lentos.”, diz.
 

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