Fundo Inovação Paulista terá recursos de até R$ 100 milhões

Fapesp investirá R$ 10 milhões em capital semente para empresas inovadoras

O Governo do Estado de São Paulo lançou no dia 24 de agosto o programa São Paulo Inova, que visa apoiar empresas paulistas de base tecnológica e perfil inovador em estágio inicial.

O programa contará com três linhas de financiamento, operadas pela Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP), e um fundo de investimento e participação (venture capital) voltado para empresas com perfil inovador e potencial para geração de novos produtos, serviços e processos.
 
Denominado Inovação Paulista, o fundo do chamado “capital semente” (seed capital) será constituído pelo Governo do Estado em parceria com a FAPESP, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) e de eventuais investidores.
 
O fundo será administrado por um gestor, que será selecionado por meio de um processo público coordenado pela Finep, e contará com patrimônio de até R$ 100 milhões, dos quais R$ 25 milhões terão aporte da Desenvolve SP, R$ 10 milhões da FAPESP, R$ 20 milhões da Finep e uma parte do Sebrae-SP.
 
Os investimentos do fundo serão destinados a empresas em estágio inicial (startups) ou já em operação que atuam, preferencialmente, nas áreas de tecnologias da informação e comunicação, biotecnologia, novos materiais, fotônica, nanotecnologia e agronegócios.
 
Do montante de R$ 100 milhões de recursos que o fundo deverá reunir, 80% serão destinados a microempresas com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões e os 20% restantes para empresas com faturamento anual de até R$ 18 milhões. Os projetos serão avaliados pelo gestor do fundo de investimentos e aprovados por comitê formado por investidores.
 
“Estimamos que o fundo de investimentos atenderá inicialmente 15 empresas, o que representa um número importante para um fundo com patrimônio de R$ 100 milhões”, disse Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Desenvolve SP.
 
As startups instaladas em incubadoras e parques tecnológicos distribuídos pelo Estado de São Paulo e as empresas que receberam ou que recebem apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPEP são candidatas a receber recursos do fundo de investimento.
 
“O PIPE tem aprovado cerca de dois projetos por semana e conta com uma carteira de cerca de 1,2 mil empresas que passaram pelo processo de avaliação para receber apoio do programa. Essas empresas são potenciais candidatas a receber recursos para operação e capitalização desse fundo de investimento”, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP.
 
“A FAPESP tem entre suas responsabilidades o estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação em empresas de pequeno porte, o que é feito por meio de programas como o PIPE”, disse Lafer.
 
Durante a cerimônia de assinatura do termo de cooperação para constituição do fundo de investimento, no Palácio dos Bandeirantes, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, saudou a FAPESP por sua contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico de empresas de pequeno porte no Estado de São Paulo.
 
Alckmin também destacou que não é apenas em países como os Estados Unidos que empresas nascidas a partir de ideias surgidas em universidades e instituições de pesquisas se tornaram grandes companhias.
 
“Aqui mesmo, no Estado de São Paulo, uma empresa que pesquisou a Xylella fastidiosa foi negociada por um valor muito superior ao inicial. Não tenho dúvidas de que com o Fundo Inovação Paulista teremos mais exemplos de empresas inovadoras paulistas em diversas áreas”, disse Alckmin.
 
O governador se referiu à empresa Allelyx, fundada por pesquisadores que participaram no fim da década de 1990 de um projeto financiado pela FAPESP que resultou no sequenciamento do genoma da bactéria causadora de uma doença que ataca todas as variedades de citros – a clorose variegada dos citros (CVC), mais conhecida como “amarelinho”.
 
A empresa de biotecnologia recebeu investimentos de um fundo de capital de risco do Grupo Votorantim e foi vendida no final de 2008 para a Monsanto a um preço cerca de três vezes superior aos recursos que recebeu.
 
“Tenho certeza que o setor privado participará desse fundo de capital semente em um momento em que os juros no Brasil estão caindo fortemente e os investidores procuram outras alternativas de rendimento. O fundo representa uma bela alternativa de investimento”, avaliou Alckmin.
 
Linhas de financiamento
Durante o evento também foram lançadas três linhas de crédito para o financiamento de projetos inovadores de empresas de base tecnológica, com condições de juros mais favoráveis.
 
A linha “Funcet” é voltada para o financiamento de projetos de inovação tecnológica, como o desenvolvimento de um novo produto ou processo, por startups e micro e pequenas empresas.
 
Já a linha “Inovação Tecnológica” visa financiar projetos inovadores de pequenas e médias empresas. Por sua vez, a linha “Incentivo à tecnologia” se destina a financiar projetos que incorporem ganhos tecnológicos e/ou processo inovadores de empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões.
 
Os juros das linhas Funcet e Inovação Tecnológica serão subsidiados pelo Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcet), vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) e poderão chegar a zero.
 
Juntas, as três linhas totalizam recursos da ordem de R$ 150 milhões. “Com essas três linhas de financiamento e a criação do fundo de investimento, será possível dar um grande passo para criar novas empresas de base tecnológica no Estado de São Paulo”, disse Alckmin.
 
Por Elton Alisson/Agência Fapesp

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