Múltis americanas cada vez mais transferem pesquisa para a Ásia

Os EUA estão perdendo rapidamente empregos no setor de alta tecnologia à medida que as empresas americanas expandem seus laboratórios de pesquisa e desenvolvimento na China e em outros lugares da Ásia, afirmou um relatório o Conselho Nacional de Ciências dos EUA.

Multinacionais com sede nos EUA, como a 3M, a Caterpillar e a General Electric, gastaram bilhões nos últimos anos para expandir seus laboratórios de pesquisa fora do país. O objetivo dessas empresas é ganhar acesso a cientistas talentosos, desenvolver produtos sob medida para mercados estrangeiros e angariar favores dos governos de outros países.
 
A 3M está expandindo laboratórios fora dos EUA "em preparação para um mundo onde o Ocidente não é mais o poder dominante na produção", disse o diretor-executivo da empresa, George Buckley, a investidores no ano passado. "Dado o interesse moribundo em ciências nos EUA, isto é estrategicamente muito importante", disse. A 3M, tem sede em St. Paul, no Estado de Minnesota, e investe geralmente entre 5% e 6% de suas vendas anuais em pesquisa e desenvolvimento, porcentual entre os mais altos do mundo corporativo.
 
Os laboratórios americanos continuam inovando, desenvolvendo produtos de sucesso, como o tablet iPad da Apple e o leitor de livros eletrônicos Kindle, mas esses produtos são feitos na Ásia. Isso tem gerado temor de que mais pesquisa e desenvolvimento vão migrar para a Ásia. Pesquisadores geralmente acham mais fácil trabalhar perto das fábricas, onde ideias podem ser logo testadas.
 
Entre 2004 e 2009, cerca de 85% do aumento no número de trabalhadores de P&D contratados por multinacionais americanas ocorreu fora dos EUA, segundo o Conselho Nacional de Ciência, braço da Fundação Nacional de Ciência do governo. As empresas dos EUA em geral não estão fechando laboratórios em casa, mas estão focando sua expansão no exterior. A sua força de trabalho de pesquisa e desenvolvimento no exterior cresceu cerca de 27% em 2009, contra 16% em 2004, segundo o relatório.
 
Em grande medida, as empresas estão criando laboratórios onde os talentos de engenharia e ciências estão mais concentrados. Cerca de 56% dos formados em engenharia no mundo em 2008 estão na Ásia, contra 4% nos EUA, segundo o relatório. Além disso, boa parte dos estudantes de engenharia nos EUA são estrangeiros; 57% dos doutorados em engenharia em 2009 no país foram estrangeiros, principalmente do Leste da Ásia e da Índia. Como resultado dessas tendências, a liderança dos EUA em ciência e tecnologia está "encolhendo rapidamente", disse o relatório.
 
De modo geral, as vagas na indústria de alta tecnologia nos EUA, que incluem computação, comunicações, equipamentos médicos, aeroespacial, produtos farmacêuticos e dispositivos de medição, caíram 28% desde 2000, para cerca de 1,8 milhão de empregos, disse o estudo. Isso se deve em parte a métodos de fabricação mais eficientes e à recessão, mas é também reflexo da crescente habilidade da China e de outros países asiáticos de produzir bens de alta tecnologia.
 
O gasto total dos EUA com P&D em 2009 foi de cerca de US$ 400 bilhões, o maior do mundo, mas a Ásia já está alcançando esse nível. O total de China, Índia, Japão e sete outros países asiáticos chegou a US$ 399 bilhões. O da União Europeia foi de quase US$ 300 bilhões.
 
A Caterpillar planeja expandir um centro de pesquisa e desenvolvimento em Wuxi, na China, que abriu há dois anos e tem agora mais de 500 engenheiros e equipe de apoio. A expansão vai acrescentar capacidade nos setores de motores, combustíveis e hidráulicos, entre outras áreas. O centro está próximo a fábricas da Caterpillar que produzem motores, peças e maquinaria para a construção.
 
Um porta-voz da Caterpillar disse que os funcionários chineses de P&D entender melhor as necessidades do produto para seu mercado que os pesquisadores nos EUA. A GE tem plano para gastar US$ 500 milhões na criação de seis centros de P&D na China.


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