Laboratório sueco une empresas no ABC

Inaugurado em maio deste ano, o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (Cisb), em São Bernardo do Campo, começa a apresentar resultados. A instituição que coordena a ação de pesquisadores, empresas e governos dos dois países aproveita a realização do IV Open Innovation Seminar que ocorreu esta semana em São Paulo para anunciar a criação de um Capability Development Center, também em São Bernardo, que funcionará como um laboratório de demonstração de produtos e projetos da Saab e eventualmente de outras empresas suecas para serem implementados pela indústria brasileira.

Segundo Bruno Roldani, diretor do Cisb, prevê-se um investimento de R$ 10 milhões para a infraestrutura do centro, que terá parceria da prefeitura de São Bernardo do Campo e da Universidade Federal do ABC. Ele será semelhante ao que a empresa já desenvolveu na África do Sul para segurança durante a Copa naquele país. Com esse showroom de sistemas integrados de comando, controle, inteligência e comunicações, desenvolvido originalmente pela Saab para aplicações militares, a empresa quer mostrar que pode fazer muito mais do que ser uma forte candidata com os seus Gripen NG, à fornecedora de caças-bombardeiros à Força Aérea Brasileira (eles disputam com os franceses Rafale, da Dassault, e com os Super F/W-18, da americana Boeing).

A Saab quer mostrar que seus sistemas e soluções para a criação de redes, podem ser usados para planejamento urbano, proteção de fronteiras, controle de reservas petrolíferas e de grandes eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Nada mais adequado para isso do que o anúncio no seminário de inovação aberta, cujo objetivo é disseminar justamente a prática de compartilhamento de informações através da cooperação entre a indústria, o setor público e as universidades.

Projeto cooperativo
O Cirb, projeto que foi encabeçado pela Saab, que prometeu injetar R$ 50 milhões no centro, em um prazo de cinco anos, já é um projeto cooperativo. Seu objetivo é facilitar a troca de tecnologia entre Suécia e Brasil, a sinergia entre governos, indústria e o meio acadêmico e estimular a inovação, além do treinamento de mão de obra qualificada. Outro anúncio que foi feito durante o seminário foi a criação de um programa de bolsas de pesquisa na Suécia para brasileiros estudantes de doutorado, pós-doutorado e pesquisadores sêniores com foco claro em inovação. Fazem parte do programa Saab, Scania, Innventia (instituto de pesquisa em papel e celulose) e instituições científicas da Suécia. "A expectativa é de criação de pelo menos 250 bolsas em convênio com o CNPq", diz Roldani. Cem dessas bolsas serão financiadas pela Saab.

Outros programas aprovados pelo Cirb envolvem um modelo de gestão de projetos compartilhados denominado arena, nas áreas de segurança e de transporte. "São um tipo de organização nova, na qual o objetivo é reunir atores que trabalhem em projetos específicos visando uma atividade mais estruturada", afirma Roldani. Na Suécia, esse modelo é consolidado no Lindholmen Science Park, espécie de parque tecnológico com a função de gerir esses programas nacionais em vários âmbitos.

Presidente da Saab Ventures, Fredrik Nordh, frisou que a empresa quer entrar no mercado brasileiro em cooperação com parceiros locais, aproveitando suas competências e experiências. "Buscamos parceiros, para, juntos, desenvolvermos projetos para o futuro", disse.