Caminhões: sem crise, queda de até 20% em 2012

Embora o diretor comercial do Banco Mercedes-Benz, Angel Martínez, antecipe uma demanda aquecida de veículos comerciais nos próximos meses, depois de obter resultados recordes em julho, a safra de bons negócios não representa garantia de boas vendas na virada do ano. Os fabricantes de caminhões estão certos de que haverá encomendas em volume significativo e uma antecipação de compras por conta da mudança da legislação para P7 em janeiro, mas o comportamento do mercado após o reveillon ainda é uma incógnita.

Os caminhões produzidos até 31 de dezembro podem ser emplacados até 31 de março. Isso significa que há tendências de uma aceleração na montagem até o final do ano, seguida de uma súbita queda de atividade nos primeiros meses de 2012.

Janeiro deve ser mês de férias na cadeia de suprimentos, depois de um esforço extra no final deste ano. Mas os diretores de produção das fábricas de componentes e sistemas ainda penam para descobrir como vão programar as linhas de fevereiro em diante. Se a economia esfriar e o mercado de caminhões der sinal de se paradeira, será prenúncio de problemas para manter ocupadas as máquinas e com emprego todos os trabalhadores.

De forma reservada, executivo de primeiro nível da indústria de caminhões admitiu a Automotive Business durante o simpósio SAE Brasil Tendências na Indústria Automobilística que 2012 pode trazer um recuo de 15% a 20% na contabilidade de vendas, desde que o ritmo do segmento de transporte não caia bruscamente com o agravamento da crise internacional e respingos por aqui. Com bancos quebrando e países em dificuldades, a coisa piora.

O setor de veículos comerciais vai repetir a sina de ir ladeira abaixo na curva de vendas, obedecendo uma inevitável ciclotimia? Ainda é cedo para assegurar que isso aconteça, mas é bom colocar as barbas de molho, enquanto os cenários para a mudança de legislação são avaliados.

Quem sabe a própria Petrobras e a ANP fiquem aliviadas com um ritmo menor na demanda de caminhões. Dessa forma, as duas teriam tempo para colocar em ordem a produção de diesel limpo e a disponibilidade de postos de combustível com bombas para S50.

Agora, há mais uma preocupação no ar sobre a distribuição do S50, que pode falhar na área urbana. Afinal, os postos que têm bombas para diesel em grandes metrópoles como São Paulo não são muitos. Como ficará o abastecimento dos milhares de veículos leves a diesel P7 que chegarão para percorrer a cidade e entregar pequenas cargas?

Colocar em atividade bombas de diesel adicionais, para assegurar um menu diferenciado de S50 e S500, exige investimento e tempo. Como a oferta de S50 não será obrigatória, e a demanda inicial será baixa, cabe à ANP atuar para equacionar eventuais problemas.


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