Fonte: Agência FAPESP – 25/04/2007
Uma empresa há dois anos abrigada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, acaba de lançar o BRO3, equipamento gerador de ozônio (O3) a partir do oxigênio (O2) obtido do ar ambiente.
O aparelho, indicado para o tratamento da água em piscinas, aquários, caixas d'água e efluentes industriais, é formado por três componentes principais: secador de ar, gerador de ozônio e centro de comando. As pesquisas foram desenvolvidas em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Após ser captado da atmosfera, o ar ambiente, que tem cerca de 20% de oxigênio, perde umidade no secador e entra no gerador de ozônio. Ali, o oxigênio recebe uma descarga elétrica para que suas moléculas se quebrem e se agrupem novamente na forma de ozônio. Segundo os pesquisadores, o processo não agride o meio ambiente, pois não utiliza nenhum produto tóxico.
“Essa técnica de obtenção de ozônio a partir de uma alta tensão elétrica em moléculas de oxigênio, conhecida como efeito corona, é utilizada há muitos anos em diversos países. O ozônio, que tem propriedades oxidantes e bactericidas, nada mais é do que uma superconcentração de oxigênio”, disse Samy Menasce, diretor da Brasil Ozônio, empresa incubada no Cietec, à Agência FAPESP.
“O que fizemos foi utilizar técnicas conhecidas para desenvolver um equipamento que chega a custar dez vezes menos do que modelos semelhantes fabricados em outros países”, disse. O ozônio pode ser aplicado no ar ou na água, em substituição ao cloro, para a eliminação de bactérias.
Segundo Menasce, quando o gás é transferido para a água, um dispositivo conhecido como “venture” deve ser acoplado ao gerador de ozônio. “O venture é um tubo plástico com algumas deformações internas que agitam o gás antes de ele ser inserido na água ”, explicou.
Para que a água seja tratada antes de chegar à piscina, o venture é instalado junto ao filtro. “Com o centro de comando, é possível programar a limpeza da água periodicamente. Outra vantagem é que todo o equipamento em funcionamento consome energia equivalente à de uma lâmpada de 200 watts”, disse.
O ozônio pode ser usado ainda para aplicações como a eliminação de fungos em sementes. Nesse caso, que envolve um projeto de pesquisa realizado pela Brasil Ozônio e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o ozônio deve ser aplicado no ar.
“É preciso redobrar o cuidado com esse tipo de aplicação, pois, a partir de concentrações específicas, o ozônio pode ser tóxico. No ar, por exemplo, o gás deve ser aplicado somente em lugares fechados e que não tenham presença humana”, ressaltou Menasce.
A Brasil Ozônio tem mais de 70 aplicações de ozônio solicitadas por empresas, em diferentes setores industriais. “Desse total, temos apenas 15 soluções tecnológicas já prontas, o que deixa evidente a necessidade de novas pesquisas científicas na área”, afirma Menasce.
O trabalho de desenvolvimento do BRO3 teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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