USP cria centro para reciclar eletrônicos

Foto: Estado de S. Paulo

A implantação do centro de reciclagem tem orçamento previsto de R$ 180 mil, que serão usados para adequação do local e compra de ferramentas, como balanças, compactadora e trituradora. A estimativa do projeto é atingir a marca mínima de 500 equipamentos eletrônicos por mês. Com esse valor, o centro se torna sustentável e não precisará mais de aporte financeiro da universidade.

O projeto foi desenvolvido em parceira com pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e recebeu destaque na área de inovação em gestão pública do Prêmio Mario Covas, em abril.

Por esse processo, nada da máquina é descartado, já que 94% dos componentes de um computador são recicláveis. Plástico, tela, vidros e discos podem ser destinados a outras utilidades, como fabricação de brinquedos e até mesmo de novas peças de informática. As placas internas contêm ouro, prata e outros metais. Das baterias usadas é possível extrair pó de cobre e de níquel, que viram matéria-prima para várias áreas da indústria.

"É preciso levar em conta, além do tempo de decomposição das peças, que as máquinas têm chumbo e mercúrio, que se forem jogados no lixo comum contaminarão o ambiente", diz Tereza. Apenas na USP, há um parque tecnológico com 37 mil computadores, 15 mil impressoras e 4,5 mil equipamentos de rede. A cada ano, pelo menos 15% de todo esse material se torna obsoleto e é descartado - sem destinação correta, acaba indo para aterros e lixões.

No País, há pelo menos 50 milhões de computadores em uso e, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), cerca de 10 milhões de unidades são vendidas ao ano - atualmente, a vida útil de um computador é de quatro anos, em média.

O País consome 1,2 bilhão de pilhas e 400 milhões de baterias de celular. E 40% das pilhas comuns vendidas aqui são falsificadas e contêm teor de metais pesados acima do permitido.

"Falta à maioria das empresas que fabrica e que recebe esses materiais assumir a responsabilidade pelo seu descarte", afirma Sabetai Calderoni, presidente do Instituto Brasil Ambiente e um dos maiores especialistas em reciclagem do País. "A USP está fazendo um serviço público com esse projeto e veja que o custo é baixo, para as empresas é muito barato e mesmo assim elas não fazem", afirma ele.

De acordo com Calderoni, o Brasil ainda não tem um sistema de coleta e reciclagem sistemática em nenhum ponto da cadeia que envolve as máquinas: indústria, comerciantes e consumidores. Não há nem mesmo uma legislação específica sobre o tema.

Há 18 anos está em debate no Congresso uma lei para estabelecer uma política nacional de resíduos. Um dos pontos mais polêmicos da proposta, que tem adiado por tantos anos uma definição, é justamente sobre quem cairia a responsabilidade pela destinação adequada dos materiais descartados.

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