Petrobras reduz em US$3 bi investimentos previstos para o ano, a US$17 bi

A previsão para o saldo de caixa final para o ano foi mantida em US$ 19 bilhões.

A Petrobras reduziu sua previsão de investimentos em 2017 para US$ 17 bilhões, ante os US$ 20 bilhões previstos em março, enquanto implanta um programa rígido de redução de custos que apresentou resultados importantes nos números do primeiro trimestre.

Em apresentação ao mercado nesta sexta-feira (12), a petroleira não deu muitos detalhes sobre os cortes de investimentos, mas a diretora de exploração e produção da companhia, Solange Guedes, comentou que a redução tem relação com menores custos, atraso de licenciamentos ambientais que adia projetos, além da postergação de pagamentos.

Apesar disso, ela disse que a empresa mantém a meta de produção de petróleo no Brasil prevista para o ano em 2,07 milhões de barris por dia, buscando mitigar possíveis impactos dos menores investimentos -- o país responde por grande parte da extração da companhia.

"Eventual impacto na produção, nós estamos mitigando... não vemos ainda nenhum impacto significativo nas nossas metas anunciadas no plano de negócios", disse a executiva, ao responder questão de participante da teleconferência sobre os resultados da empresa no primeiro trimestre.

A Petrobras teve lucro líquido de R$ 4,45 no primeiro trimestre, o melhor resultado em dois anos, impulsionado por um desempenho operacional histórico, apesar de uma menor demanda por derivados no mercado interno.

Com relação à postergação de pagamentos, a diretora não deu detalhes, mas ressaltou que apenas uma parte está relacionada à produção de petróleo e gás.

O licenciamento ambiental da plataforma P-66, que deixou em fevereiro o Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), é um dos que está atrasado.

A plataforma aguarda aval do Ibama para entrar em produção no campo de Lula, módulo de Lula Sul, no pré-sal da Bacia de Santos.

Em sua nova previsão, Solange disse acreditar que terá a licença para iniciar a produção da plataforma P-66, prevista anteriormente para o primeiro trimestre, ainda em maio.


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As ações da Petrobras mantinham forte alta nesta tarde, com as preferenciais ganhando quase 5%, enquanto as ordinárias avançavam 4,5%.

Entrega de resultados

Durante a teleconferência, os executivos ressaltaram os resultados alcançados, mas ponderaram que ainda há um importante caminho em busca da redução da enorme dívida da empresa, uma das maiores do setor global de petróleo, por meio de melhoria da eficiência e venda de ativos.

O endividamento bruto da petroleira caiu 5% ante 31 de dezembro de 2016 para R$ 364,758 bilhões, e o endividamento líquido em 4%, para R$ 300,975 bilhões.

"São os primeiros passos de uma jornada. Que bom que os resultados estão aparecendo, mas nós não vamos relaxar os esforços, que vão continuar no sentido de fazer apenas e tão somente as atividades que contribuem para entregar o plano", afirmou o diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da Petrobras, Nelson Silva.

Como parte da busca por redução de custos e aumento da eficiência, os executivos apontaram um grande número de demissões voluntárias que ainda estão para se concretizar neste ano e também algum resultado da proposta feita aos funcionários para a redução opcional da jornada de trabalho.

O diretor de Assuntos Corporativos, Hugo Repsold, explicou que um total de cerca de 14.500 funcionários deixaram a companhia desde 2014, a partir de programas de demissão voluntária, enquanto mais de 2.800 deverão sair até o fim de julho.

O número de empregados do sistema Petrobras caiu 17% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2016, para um total de 65.220 funcionários, segundo explicou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, na véspera.

Além disso, Repsold apontou que cerca de 50% do público alvo para a redução opcional da jornada de trabalho aderiu à proposta até o momento, sendo que há ainda um mês para os funcionários se inscreverem.

"A gente acredita que em torno de 70 a 80% desse publico alvo deve aderir, e com isso deve ter uma redução de R$ 300/400 milhões com essa redução da jornada de trabalho", afirmou Repsold, após responder uma pergunta de um analista sobre o resultado relacionado a corte de custos.

O diretor da área Financeira e de Relacionamento com Investidores, Ivan Monteiro, por sua vez, explicou que a diretoria trabalha para apresentar ao mercado até o próximo mês os ativos que estão à venda e as devidas informações para a avaliação dos possíveis investidores.


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