Dólar cai quase 1% e volta ao patamar de R$3,07, com fluxo positivo

O dólar fechou com queda de quase 1 por cento nesta segunda-feira, de volta ao patamar de 3,07 reais, em sessão marcada por fluxo de ingresso de recursos e favorecida pela sinalização de que os juros não devem subir além do esperado nos Estados Unidos.

A moeda norte-americana chegou a trabalhar parte do pregão em leve alta, com investidores cautelosos com a possibilidade de exportações menores em decorrência da operação Carne Fraca.

O dólar recuou 0,94 por cento, a 3,0717 reais na venda, menor cotação desde 23 de fevereiro (3,0565 reais), depois de ter ido a 3,1170 reais na máxima do dia. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,80 por cento no final da tarde.

"No início, o nervosismo de alguns agentes amplificou no giro mais fraco. Quando o volume aumentou, prevaleceu o fundamento, com os investidores olhando o desempenho das moedas no exterior", explicou o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.

A trajetória de baixa da moeda norte-americana, segundo os profissionais, embasava-se na sinalização do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, de que deve elevar os juros mais duas vezes neste ano, como esperado.

Mais cedo, alguns membros do Fed reforçaram esse cenário. Juros maiores no país podem atrair capitais aplicados em outras praças, como a brasileira.

Profissionais também comentaram que houve ingresso de fluxo de recursos nesta sessão, ampliando a queda do dólar. Na semana passada, o governo brasileiro arrecadou mais de 3,5 bilhões de reais no leilão de aeroportos e os recursos terão que ser internalizados pelos vencedores, estrangeiros.

No exterior, o dólar cedia ante algumas divisas de países emergentes, como o peso mexicano, e exibia leves oscilações ante uma cesta de moedas. O clima era de cautela depois da decisão do G20 de retirar a promessa para evitar o protecionismo comercial, concordando com o protecionismo cada vez maior dos Estados Unidos.

Os investidores locais trabalharam bastante atentos ao noticiário sobre a operação Carne Fraca, que poderá afetar as exportações e impactar a balança comercial brasileira.


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Na sexta-feira, a Polícia Federal lançou a operação para desarticular uma organização criminosa envolvendo fiscais agropecuários federais e cerca de 40 empresas, entre elas as gigantes JBS e BRF, com fraudes na fiscalização sanitária de carnes.

As exportações de carnes do Brasil (bovina, suína e de frango) subiram de cerca de 2 bilhões de dólares em 2000 para aproximadamente 14 bilhões de dólares no ano passado.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente nesta sessão o lote de até 10 mil swaps tradicionais - equivalente à venda futura de dólares - ofertados para rolagem dos contratos de fevereiro. Com isso, reduziu a 8,211 bilhões de dólares o total que vence em abril e que ainda resta para rolar.


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