Indústria do aço vê queda de 6,8% no ano

Entidade que reúne siderúrgicas afirma que não há indicativo de retomada do PIB em 2016.

A indústria siderúrgica brasileira cortou previsões para este ano e não espera uma recuperação em 2017, em meio à crise econômica do País e ao cenário internacional pressionado por excesso de capacidade produtiva.A expectativa para produção brasileira foi revista de queda de 1% para recuo de 6,8% em 2016, para 31 milhões de toneladas, afirmou o Instituto Aço Brasil (IABr), que representa o setor. Para vendas internas, a estimativa de queda foi ampliada de 4,1% para de 10%, num total de 16,4 milhões de toneladas.

“Não há nenhum indicador novo que sinalize uma retomada do PIB, não há nada neste cenário que aponte uma retomada em 2016 ou em 2017”, disse o presidente do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, durante congresso do setor.

Segundo ele, as usinas siderúrgicas do Brasil estão operando a cerca de 60% de sua capacidade, abaixo dos 69% da média mundial. O setor demitiu cerca de 30 mil trabalhadores em 2015 e caminha para encerrar o primeiro semestre com mais 11,3 mil cortes.

Produção

Em maio, a produção de aço bruto caiu 13,2% sobre mesmo mês de 2015, para 2,59 milhões de toneladas, acumulando queda de 13,9% nos primeiros cinco meses do ano, para 14,3 milhões de toneladas.

Já as vendas internas no mês passado caíram 10% sobre um ano antes, para 1,37 milhão de toneladas, acumulando recuo de 18,4% desde janeiro, a 6,7 milhões de toneladas.

Lopes afirmou que a mudança do governo federal traz a perspectiva de saída da paralisia e voltou a cobrar o aumento das alíquotas do Reintegra, programa que devolve resíduos tributários na cadeia de produção aos exportadores.

Segundo o IABr, a saída mais rápida para recuperação do setor é o fomento às exportações, que segundo as estimativas revisadas da entidade devem cair 5,2% este ano, para 13 milhões de toneladas.

“Sentimos bastante receptividade do novo governo sobre a situação do setor e temos confiança que o governo tomará medidas para melhorar o contexto da indústria de transformação. A forma mais fácil para isso é o fomento às exportações”, disse o presidente da ArcelorMittal Brasil e conselheiro do IABr, Benjamin Baptista. “Atualmente as margens das exportações estão muito baixas devido à queda nos preços internacionais. Esperamos que o governo ajude”, acrescentou.


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O executivo disse ainda que o setor está planejando fazer um pedido de investigação antidumping sobre aços planos laminados a quente e a frio produzidos na China.

Crises internas. Além dos problemas do mercado nacional e internacional, as siderúrgicas do país têm sido alvo de investigações e disputas internas.

Em maio, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu investigação após acusações de importadores de que o IABr agiu para impedir a entrada no país de produtos de outros países, prática que o IABr nega.

Enquanto isso, executivos da maior produtora de aços longos do país, Gerdau, foram indiciados pela Polícia Federal no âmbito da operação Zelotes.

Já a produtora de tubos de aço V&M do Brasil, da francesa Vallourec, foi citada na Lava Jato, ao lado de Confab, acionista da Usiminas. Este último grupo vive grave crise financeira e intensa disputa societária entre os dois principais sócios, Nippon e Ternium.