Audi já definiu fornecedores para fábrica brasileira

Companhia faz últimos ajustes para iniciar a operação em setembro.

Faltam apenas alguns acertos para que a Audi retome a produção de automóveis na fábrica do Grupo Volkswagen em São José dos Pinhais (PR). Um deles foi feito na quinta-feira (18), quando líderes da companhia estiveram na cidade para acompanhar a evolução do empreendimento e recolocar o logotipo da marca no complexo industrial onde será feito o A3 sedã a partir de setembro e o Q3 no ano que vem. “Vamos cumprir o cronograma que apresentamos ao governo brasileiro”, garante Bernd Martens, membro do conselho de administração da companhia e um dos executivos com grande envolvimento no projeto da fábrica brasileira.

O primeiro carro a sair de uma das duas linhas de montagem paranaenses já terá uma série de componentes nacionais. A empresa revela pelo menos seis empresas já homologadas para fornecer componentes localmente: Pirelli, Goodyear, Maxion Wheels, Johnson Controls, Tenneco e ThyssenKrupp. Entre as partes que já serão locais desde o começo da operação estão vidros, bancos, revestimento do compartimento de bagagem, tanques, eixos e chicote elétrico. Há ainda outras empresas envolvidas principalmente no fornecimento de componentes para o motor flexível.

Por enquanto a companhia aponta apenas que o propulsor será feito em uma planta brasileira do Grupo Volkswagen. Só na próxima semana a organização deve confirmar que produção acontecerá na planta da Volkswagen em São Carlos (SP) para atender tanto o A3 sedã quanto o Golf, também fabricado na unidade de São José dos Pinhais. Até o momento a companhia não confirma se o propulsor equipará também o Q3.

“Preferimos não falar de um índice de nacionalização porque o cálculo não é feito dessa maneira para o Inovar-Auto, mas vamos cumprir as exigências do programa desde o início da produção”, assegura Martens. Segundo ele, o cronograma de localização de componentes seguirá a pleno vapor por 12 meses após o começo da operação na planta nacional, com aumento gradativo da presença de autopeças brasileiras. A companhia pretende aproveitar o parque de fornecedores que a Volkswagen já tem no Paraná, onde estão instaladas SMP, Johnson Controls, SAS Automotive, Formtap e Pirelli.


Continua depois da publicidade


Mesmo que já sejam parceiras do grupo alemão, as fabricantes de sistemas e componentes precisam fazer ajustes para alcançar o nível de qualidade exigido pela Audi. “Visitamos fornecedores em Curitiba e vimos o esforço deles para se adequar”, comemora Martens, que diz estar satisfeito com o que encontrou localmente. Como exemplo do empenho das empresas para atender a marca ele cita que a companhia que fará os para-choques dos carros brasileiros está investindo para atualizar sua estrutura de pintura dos componentes. “Por isso inicialmente os para-choques serão importados.”

Com investimento de R$ 500 milhões, a planta nacional da Audi terá capacidade anual para fazer 16 mil unidades do A3 sedã e 10 mil do Q3. Este ano devem ser feitos ali apenas 1,5 mil carros, número que saltará para 15 mil unidades em 2016, 5 mil delas do Q3.

A operação demandará cerca de 320 funcionários. O plano inicial era contratar estes trabalhadores, mas, com a contração do mercado nacional, a Audi deve absorver parte do excedente de mão de obra das linhas de montagem da Volkswagen que ficam no mesmo complexo industrial. Estes colaboradores passarão por treinamento específico para atender a necessidade da marca.

Carros nacionais

Assim como fez a concorrente BMW, a Audi pretende manter os preços mesmo com a produção local de modelos que hoje são importados. O objetivo, no entanto, é agregar conteúdo e ampliar a oferta de versões, tornando os carros ainda mais competitivos. A incorporação do motor flex por si só aumentará a atratividade do A3 sedã, garantindo potência de 140 cv. Hoje o propulsor 1.4 a gasolina que equipa o carro oferece 122 cv.

“Gostei muito do resultado”, afirma Martens, que andou em uma das unidades pré-série. Agora começa a etapa de testes de rodagem com os carros para garantir que as versões brasileiras estejam no mesmo nível de qualidade dos modelos importados. “Também seguimos com o projeto do Q3. Está tudo em andamento conforme planejamos”, indica.

Reestruturação

A estratégia de aumentar o nível de equipamentos sem grande escalada nos preços parece uma das chaves do sucesso recente da Audi. Jörg Hofmann, presidente e CEO da Audi no País, aponta que, com o crescimento da classe média nacional nos últimos anos, aumentou a demanda por modelos de entrada do segmento premium. Justamente neste período a Audi fez sua investida para elevar a oferta. O resultado disso é que a companhia terminou 2014 como a marca que mais cresceu no mercado nacional, com 12,4 mil emplacamentos contra 6,6 mil no ano anterior.

O plano é bater novo recorde em 2015. De janeiro a maio a companhia já entregou 6,8 mil carros e assumiu a liderança do segmento premium. “Devemos superar a marca de 15 mil unidades até o fim do ano”, estima Hofmann. A aparente ilha de crescimento em que a companhia está no turbulento mercado nacional reflete a profunda reestruturação pela qual a montadora passa há alguns anos. Além de ampliar a oferta de carros e ajustar os preços, há forte trabalho de ampliação da rede de concessionárias e melhoria do pós-vendas,

Com investimento de R$ 300 milhões dos empresários do setor de distribuição, a marca chegará a 50 revendas até o fim deste ano e alcançará a marca de 70 casas até 2020. No pós-vendas a ideia é garantir a eficiência com o centro de treinamento em São Paulo (SP), inaugurado em maio (leia aqui), alvo de investimentos de R$ 10 milhões até o ano que vem. A companhia também duplicou a capacidade de seu centro de distribuição de peças em Jundiaí (SP).


Tópicos: