Brasil está quase na lanterna do ranking mundial de crescimento do PIB

País ocupa a 31ª posição da lista de 34 nações, que é liderada pela China.

A expansão de apenas 0,1% da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano manteve o país perto da lanterna num ranking de crescimento que engloba 34 países e foi elaborado pela consultoria de avaliação de risco Austin Asis. Na comparação do terceiro trimestre com o mesmo período de 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresenta um recuo de 0,2%, ocupando a 31ª posição no estudo da Austin Asis, à frente apenas de países como a Itália, que ainda sofre as consequências da crise europeia; do Japão, cuja economia patina há pelo menos 20 anos e da Ucrânia, que está em guerra civil.

Com esse resultado, o economista-chefe da Austin Rating manteve sua estimativa de crescimento do PIB brasileiro em 0,3% para 2014 e de 1,4% para 2015.

"O resultado do PIB é ruim no trimestre e na comparação com o mesmo período ano passado. Se olharmos a média de crescimento dos países do ranking, nos últimos 12 meses, ela fica em 2,1%. Portanto, o Brasil está muito abaixo da média. Não dá para culpar o cenário externo pelo baixo crescimento, como o governo faz. O problema está aqui dentro", diz o economista Alex Agostini.

Agostini estima que o país tem potencial para crescer entre 3% e 3,5% ao ano e ficar entre os dez primeiros do ranking. Mas isso não acontece porque a o governo continua apostando no consumo para puxar a economia, e esse motor já está esgotado. O endividamento das famílias é elevado e, com perspectiva ruim para a economia, a disposição dos consumidores em gastar se reduz. O economista lembra que desde 2011 até agora, a inflação média do país é de 27%, mostrando que mais de um quarto da renda do trabalhador foi consumida pela alta dos preços neste período.

"O governo focou apenas no consumo e se esqueceu do investimento. Com juros altos, que não fizeram a inflação recuar do patamar de 6%, e gastos elevados, Brasília minou a confiança dos empresários para investir. A política fiscal expansionista também anula os efeitos da elevação da Selic para conter a alta dos preços e causa graves desequilíbrios nas contas públicas", explica Agostini.


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Troca de equipe pode resgatar confiança

A nova equipe econômica pode trazer um pouco mais de previsibilidade e confiança aos empresários para investir. Agostini avaliou que as metas de superávit primário anunciadas (1,2% do PIB em 2015 e 2% em 2016 e 2017) são factíveis, embora sejam mais baixas do que o mercado esperava. Mas ele lembra que o governo precisa abandonar os malabarismos fiscais e usar a fórmula adotada por todos os países para mostrar se vai cumprir as metas ou não: receitas menos despesas.

O economista lembra que o resultado do crescimento da economia brasileira foi tão ruim nos últimos 12 meses, que o país ficou atrás de nações como Grécia, Espanha e Portugal no ranking.

"A Grécia ficou seis anos em recessão; a Espanha, tinha há dois anos uma taxa de desemprego de 25% e Portugal precisou de socorro financeiro para não quebrar", afirma o economista da Austin.

O Brasil também foi superado no ranking por nações do leste europeu como Polônia, Lituânia, Estônia e Eslováquia. Também ficou atrás de países desenvolvidos que viveram profundamente os efeitos da crise financeira de 2008, como Estados Unidos (2,4%), Reino Unido (3,0%) e Alemanha (1,2%).

Entre os 10 melhores países colocados no ranking há seis da Ásia: China, Malásia, Filipinas, Indonésia, Taiwan e Coreia do Sul. Entre os Brics, os destaques ficaram para China e Índia. Já a África do Sul e a Rússia, apesar de apresentarem crescimento relativamente baixo, tiveram desempenho melhor que o Brasil ao apresentarem expansão de 1,4% e 0,7%, respectivamente.

Já entre os países latino-americanos que já divulgaram seus números do PIB do terceiro trimestre (Peru, Chile e México) todos superam o Brasil. O México é o melhor colocado na 16ª posição com taxa de 2,2%, seguido pelo Peru com taxa de 1,8% e o Chile na 26ª posição com crescimento de 0,8%. O México tem se beneficiado da recuperação econômica dos Estados Unidos.


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