Alumínio sobe 4% em uma semana e volta ao patamar de novembro

Com os ganhos na semana passada, a commodity voltou ao patamar de cinco meses atrás.

O alumínio ficou praticamente estável na última sexta-feira (4) e terminou a semana em alta de 4%, com o contrato de três meses perto de US$ 1.822 a tonelada. Com os ganhos na semana, a commodity voltou ao patamar de cinco meses atrás. 

Nos últimos dias, o metal teve seu preço impulsionado pela indicação de que as longas filas nos armazéns da bolsa de Londres (LME) vão continuar, depois da suspensão da adoção de novas regras de armazenagem na bolsa, na semana passada.

“O alumínio parece ter voltado à vida”, diz em relatório o analista Leon Westgate, do Standard Bank. Depois de ficar a maior parte do ano estável ou em queda, o metal ultrapassou nesta semana o patamar de US$ 1.800 a tonelada pela primeira vez desde 2 de janeiro. 

Mas ainda não está claro se a questão das filas na LME é o único fator a puxar o preço do alumínio, diz o analista. A bolsa londrina adotaria em abril uma série de medidas para cortar as filas de entrega do metal. No entanto, na última semana um juiz suspendeu as mudanças da LME após uma ação movida pela fabricante russa de alumínio Rusal. Isso gerou expectativa de continuidade de filas e lentidão para a entrega do metal, o que favorece o preço.

O analista do Standard Bank diz também que o início do segundo trimestre do ano pode ter trazido um sentimento mais positivo ao setor. Isso porque o mercado do alumínio vem passando lentamente para uma situação de maior equilíbrio entre oferta e demanda depois seguidos cortes de produção no mundo nos últimos meses. 

“Após anos de uma situação crônica de excesso de oferta, a indústria global do alumínio passa por um período de mudança substancial”, dizem hoje em relatório analistas do banco francês Natixis. 

A Alcoa, por exemplo, anunciou na última semana um corte de 147 mil toneladas no Brasil. No ano passado, a americana reduziu em 750 mil toneladas sua produção em todo o mundo, segundo afirmou na terça-feira o presidente da empresa para América Latina e Caribe, Aquilino Paolucci, durante evento do setor em São Paulo.

Na Rússia, produtores continuam a cortar capacidades de produção em unidades não lucrativas, acrescentam os analistas do Natixis, que citam também uma possível desaceleração do crescimento de produção na China. A redução das vendas de bauxita da Indonésia, após medidas de restrição de exportações tomadas pelo governo do país em janeiro, estão limitando o acesso chinês à matéria-prima do alumínio. 

Stephen Briggs, analista do BNP Paribas, lembra que também há projetos parados pelo mundo. A Rusal, por exemplo, mantém engavetado seu projeto de Taishet, para a fundição de 750 mil toneladas do metal.
 
Ainda assim, Westgate questiona se os fundamentos do metal sustentariam a continuidade de uma trajetória de alta dos preços. Ele comenta que a questão das filas dos armazéns da LME ainda voltará a ser discutida e que ainda há preocupações sobre o aumento das taxas de juros na China, o que pode reduzir a atividade industrial no país, maior consumidor global do metal.


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