Siderúrgicas projetam discreta recuperação nas vendas em 2014

Siderúrgicas projetam discreta recuperação nas vendas em 2014

Baseado na demanda gerada pelas concessões de infraestrutura e numa suave recuperação da economia internacional, o setor siderúrgico projeta uma alta de 4,4% nas vendas internas de aço em 2014, para 24milhões de toneladas. Mas a siderurgia brasileira segue pressionada pela oferta mundial excessiva de aço e a dificuldade em competir com os preços chineses. O Instituto Aço Brasil (IABr) calcula que em 2022 itens importados responderão por 58% do consumo final de aço no País, se nada for feito para conter o ritmo das compras externas e a queda livre das exportações.
 
A alta do dólar frente ao real não foi suficiente para frear as importações de aço, em especial da China. Ao revisar suas estimativas para 2013, o instituto passou a prever um recuo de apenas 0,5% das compras externas de produtos siderúrgicos, ante previsão de 14,4% em agosto. Já as exportações vão desabar 14,8% no ano. A produção de aço bruto ficará estagnada em 34,5 milhões de toneladas, mesmo número de 2012.
 
O setor se ressente da falta de medidas de proteção como o estabelecimento de sobretaxa na importação. O ministério da Fazenda decidiu não renovar este ano a lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC), que inclui 10 produtos siderúrgicos. Há ainda a falta de fiscalização de artifícios usados por importadores para fugir da taxação.
 
"A posição do governo brasileiro de que a apreciação do dólar seria suficiente para travar as importações não se confirmou", disse ontem (27) presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, ao divulgar os números do setor.
 
Para o executivo, a ameaça à cadeia local vem pela importação direta mas, principalmente, indireta de aço. "Muita gente que produzia máquinas e equipamentos hoje prefere importar para vender aqui", disse Lopes.
 
Em 2013, as vendas internas de aço devem crescer 6,1% em 2013, para 22,9 milhões de toneladas. O consumo aparente - vendas mais importações - foi revisto para 26,6 milhões de toneladas, aumento de 5,7% sobre o ano anterior. Na prática, o consumo de produtos siderúrgicos cresce no País, mas apoiado na importação.
 
Apesar das dificuldades do setor, o presidente da Arcelor-Mittal Brasil, Benjamin Baptista, informou que a companhia vai retomar as operações do alto-forno 3, em Tubarão, em junho do ano que vem. Pela primeira vez desde a crise de 2008 a companhia voltará a operar com três altos-fomos na unidade.
 
"A nossa decisão não está ligada à situação doméstica, mas internacional. Toda produção decorrente do alto-forno 3 será de placas para exportação", disse, citando uma perspectiva de retomada da economia americana e da Europa . Atualmente a capacidade anual em operação da siderúrgica de Tubarão é de 5 milhões de toneladas.
 
Por Maricma Durão/ O Estado de S. Paulo