O que você compra é o bem ou o direito de acesso?

Em que direção o mercado de consumo e os fabricantes de produto estão?

Você já parou para pensar que estamos entrando em um período da humanidade onde o ter já não faz muito sentido. Não compramos mais CD ou DVDs, acessamos a internet e consumimos vídeos e músicas, está lá, à disposição e ao alcance de qualquer um. Não compramos mais aplicativos para nossos computadores ou livros, fazemos assinaturas de um ano de uso em aplicativos pessoais e corporativos online que estão em nuvem. Não vemos mais programas na TV aberta, escolhemos a programação em canais do Youtube ou em serviços de streaming ou no próprio site da emissora que disponibiliza a programação.

Qual é o próximo passo da geração do acesso? Esse próximo passo esta logo ali no seu dia a dia. Empresas de transporte de passageiros que não possuem frota de veículos circulam pelo mundo inteiro, no celular acessamos diariamente sites e redes sociais em busca de informação, contudo estas redes sociais não geram conteúdo próprio, buscamos reservas de quartos de hotel em empresas que não possuem um único quarto, pesquisamos preços em lojas virtuais que não possuem estoque de produtos. A tendência do mercado e que cada vez mais não se tenha a necessidade de se adquirir o produto e sim usar o beneficio que ele traz pelo tempo que nos é conveniente.

Quando adquirimos um aparelho de ar-condicionado estamos comprando o serviço de refrigeração e não o equipamento de ar-condicionado. As empresas desse ramo de atividade estão mudando o modelo de negócio, no qual o cliente não é proprietário do equipamento, mas um cliente de serviço de refrigeração com um contrato de prestação de serviço com garantias de que o serviço terá uma taxa de operação determinada, pois a parada ou quebra do equipamento tem que ser prevista e medidas corretivas devem ser estipuladas previamente.


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Outro exemplo dessa tendência está presente na indústria aeronáutica, a turbina que vai no avião não é de propriedade da empresa aérea, a companhia aérea contrata o serviço que a turbina pode proporcionar e o fabricante do avião, em conjunto com o fabricante da turbina, é o responsável pela manutenção e garante que ela vai funcionar em uma taxa de serviço estipulada em contrato. Bicicletas distribuídas pela cidade a custo baixo e com qualidade permitem que o usuário tenha acesso a essa atividade sem nunca ter entrado em uma loja de bicicletas, isso é a personificação mais pura da era do acesso.

A tendência dos carros comunitários é cada vez mais presente nas cidades, o usuário contrata o serviço de locomoção e não mais compra o produto automóvel. Com isso pode reduzir gastos, reduzir números de veículos nas ruas, reduzir espaços desnecessários para garagens, reduzir a poluição. Além de algo, que muitas vezes não percebemos: que a necessidade de ter um bem não nos agrega nenhum valor, e passamos apenas a usar o serviço para um propósito mais nobre.

O fato de diminuírmos as necessidades de ter um bem nos torna menos apegados e mais propícios a nos importar com o meio em que vivemos e não com o que temos ou gostaríamos de ter. Mas tem também a parte não tão boa que é estarmos conectados o tempo todo, trabalhar em nossas horas vagas, perda de privacidade e a dependência tecnológica. Cabe a nós sabermos dosar e buscar uma qualidade de vida equilibrada com a carreira.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
Mauro

Mauro Duarte G. Santos

Engenheiro Mecânico formado na UNESP em 1995, pós-graduação em administração industrial e gestão de projetos pela Fundação Vanzolini. Atua no mercado de CAD/CAE/CAM/PLM há 17 anos. Atualmente MSC Software e antes disso na PTC (16 anos), SDRC(2 anos)(Grupo Siemens) e como Eng Projetista (2 anos) com usuario de CAD e CAE


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